Autoridades do México confirmaram nesta terça-feira que Heriberto Lazcano, líder do violento cartel de drogas Zetas, foi morto e que o corpo dele foi roubado de uma funerária do país. O procurador do Estado de Coachuila (norte), Homero Ramos, confirmou a informação - divulgada inicialmente pelo jornal La Reforma - de que o cadáver de Lazcano foi levado por um "comando armado" que invadiu a funerária. Suspeita-se que o roubo tenha sido praticado por membros do próprio Zetas.
Antes, as autoridades não haviam confirmado que o corpo de Lazcano era o mesmo que havia sido roubado da funerária. A identidade do traficante morto foi verificada por meio de impressões digitais. Na segunda-feira à noite, a Marinha mexicana havia anunciado que Lazcano - ex-soldado de elite treinado com forças militares dos EUA - fora morto na véspera durante um tiroteio no norte do México, mas aguardava testes forenses para confirmar sua identidade.
Agora, com a confirmação, a morte de Lazcano pode ser considerada uma vitória para o governo do México, país que, desde 2006, vive uma sangrenta guerra envolvendo narcotraficantes e forças de segurança, em confrontos que já deixaram cerca de 60 mil mortos. Ao mesmo tempo, o desaparecimento do corpo é visto como uma vergonha para as autoridades.
Zetas
O cartel Zetas, de Lazcano, foi criado a partir da associações de traficantes e desertores de uma divisão de elite do Exército. O Zetas realizou alguns dos mais violentos massacres que marcaram o confronto entre autoridades e traficantes no México. O cartel ficou conhecido pela brutalidade: foi o primeiro grupo a exibir as cabeças decapitadas de seus rivais.
Mas o cartel está profundamente dividido, e muitos analistas apontam seu enfraquecimento. Will Grant, correspondente da BBC no México, explica que a morte de seu líder levantará dúvidas sobre o futuro da organização e coloca sob os holofotes outro líder dos zetas, Miguel Angel Trevino (conhecido como Z-40), que pode ascender.
A morte de Lazcano ocorre poucas semanas após a detenção de outro membro sênior do cartel, Ivan Velázquez (chamado de El Taliban). Lazcano, por sua vez, era conhecido como "El Verdugo" ou "O Executor", por sua brutalidade e suspeita de envolvimento em inúmeras mortes, entre elas a de Francisco Ortiz Franco, editor de um jornal semanal de Tijuana que trazia reportagens regulares sobre o tráfico de drogas.
Ortiz Franco foi morto a tiros em frente aos seus filhos, ao sair de uma clínica médica. Os Estados Unidos haviam oferecido uma recompensa de US$ 5 milhões (cerca de R$ 10 milhões) e o México oferecera mais US$ 2,3 milhões (4,6 milhões) para obter informações que levassem à captura de Lazcano.