O mexicano Edgar Arias Tamayo será o 29° estrangeiro a ser executado nos Estados Unidos desde que a Justiça do país restaurou a legalidade da pena de morte, em 1976. Tamayo é acusado de matar um policial em Houston, no Texas, e sua execução está marcada para o dia 22 de janeiro, no mesmo estado em que o crime aconteceu.
Segundo o Centro de Informações de Penas de Morte (DPIC, na sigla em inglês), uma organização americana sem fins lucrativos, entre os 28 estrangeiros mortos pela Justiça do país, oito eram mexicanos. Cuba é o segundo principal país de origem dos condenados, com quatro mortos, seguida por Honduras, Vietnã e Alemanha ? com dois cada um. Os outros países de origem dos presos nos EUA que pegaram pena de morte e já foram executados são: Guiana, República Dominicana, Paraguai, Tailândia, Canadá, África do Sul, Iraque, Paquistão, Jamaica e Filipinas.
A última execução de um estrangeiro foi cumprida no dia 28 de setembro de 2011, na Flórida, com a morte do cubano Manuel Valle. Ele foi condenado em 1978, também pela morte de um policial. Para 2014, além da execução de Tamayo, ainda está marcada a morte do hondurenho Edgardo Cubas, também no Texas, no dia 29 de maio.
Em 2012 e 2013, não houve nenhuma execução de estrangeiros nos EUA. Só em 2013, porém, 38 americanos receberam injeção letal e um foi eletrocutado, de acordo com o DPIC. Dessas mortes, 16 ocorreram no Texas.
Em 2012, o Texas, no sul do país, também chamou a atenção pelo número alto de execuções. Dos 43 detentos mortos, 15 foram lá. Junto com os estados de Mississippi, Oklahoma e Arizona, que tiveram seis execuções cada, o Texas foi responsável por 76,8% das mortes ? todas por injeção letal.
Já em 2011, outros métodos foram usados para cumprir 43 penas no país. Além de 26 injeções letais, houve oito eletrocuções, três enforcamentos, três mortes por gás letal e duas por meio de esquadrões de tiro.
Repercussão do caso Tamayo
O caso de Tamayo aconteceu am 1994, quando o policial Guy Gaddis, de 24 anos, o prendeu sob suspeita de roubo. Segundo informação da agência de notícias americana Associated Press, quando o mexicano já estava algemado dentro da viatura, ele conseguiu pegar uma arma que levava escondido e atirou em Gaddis, que acabou morrendo. Como consequência, Tamayo foi condenado à execução por injeção letal.
Sua condenação teve repercussão internacional. Em 2004, a Corte Internacional de Justiça, da Organização das Nações Unidas (ONU), ordenou que os Estados Unidos revisassem as condenações de Tamayo e de outros 50 mexicanos por violação da Convenção de Viena e dos direitos consulares. Segundo o jornal "New York Times", porém, nenhuma corte americana revisou o caso de Tamayo.
O tema voltou a ser destacado no ano passado, quando os advogados do mexicano entraram com uma petição na Justiça pelos mesmos motivos, já que ele não foi colocado em contato com o consulado mexicano durante o processo judicial. Eles afirmam que o consulado poderia ter ajudado Tamayo a coletar provas para evitar a pena de morte e a lidar melhor com o período de prisão, já que, quando foi detido, ele mal falava inglês e sofria de problemas mentais.
Em setembro do ano passado, o secretário de Estado americano, John Kerry, alertou a Justiça texana de que a morte de Tamayo ameaçava perturbar as relações entre os EUA e o México. O secretário de Relações Internacionais mexicano, José Antonio Meade, também enviou cartas ao governador do Texas, Rick Perry, e à Justiça do estado para pedir a suspensão da pena de morte de Tamayo.
A Justiça texana argumentou que ela não está diretamente subordinada à ONU. Em resposta à carta de Kerry, a porta-voz de Perry comentou que "não importa de onde você é ? se você cometer um crime desprezível como esse no Texas, está sujeito às nossas leis estatais, incluindo um julgamento justo por júri e a pena máxima".