Julian Assange deixa prisão em Londres após acordo com os EUA

O fundador do Wikileaks deve se declarar culpado por violar a lei de espionagem dos EUA e terá permissão para retornar à Austrália, dizem documentos judiciais

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Julian Assange, fundador do WikiLeaks, foi libertado da prisão | Reprodução/WikiLeaks

Julian Assange foi libertado da prisão conforme anunciado pelo Wikileaks, a organização que ele fundou. O vídeo dele embarcando em um voo do aeroporto de Stansted, em Londres, na segunda-feira (24), foi publicado nas redes sociais. Com informações do The Guardian.

O anúncio da sua libertação veio logo após a notícia de que ele se declararia culpado esta semana por violar a lei de espionagem dos EUA. Isso faz parte de um acordo que permitirá seu retorno à sua terra natal, a Austrália.

VAI SE DECLARAR CULPADO

De acordo com os documentos judiciais dos EUA, Assange, de 52 anos, concordou em se declarar culpado de uma única acusação criminal de conspiração para obter e divulgar documentos confidenciais de defesa nacional dos EUA. Esses documentos foram apresentados no Tribunal Distrital dos EUA para as Ilhas Marianas do Norte.

Segundo o acordo, sujeito à aprovação judicial, Assange provavelmente será sentenciado na ilha de Saipan. Ele receberá crédito pelos cinco anos já cumpridos e não enfrentará nova pena de prisão.

ISOLADO 23 HORAS POR DIA

O WikiLeaks confirmou que Assange deixou a prisão de Belmarsh na manhã de segunda-feira, após 1.901 dias de detenção. Ele passou a maior parte do tempo em uma cela de 2x3 metros, isolado 23 horas por dia.

Assange estava programado para se reunir com sua esposa Stella, que confirmou que ele estava livre. Ela agradeceu aos apoiadores por tornarem isso possível ao longo dos anos.

No vídeo do WikiLeaks, Assange aparece com boa aparência, vestindo camisa e jeans, com o cabelo branco cortado curto, subindo as escadas de um avião.

Julian Assange, fundador do WikiLeaks, deixa a prisão em Londres, no Reino Unido (Foto: Reprodução/WikiLeaks) 

700 MIL DOCUMENTOS VAZADOS

Em 2010, o WikiLeaks divulgou centenas de milhares de documentos militares confidenciais dos EUA, incluindo telegramas diplomáticos e relatórios de campos de batalha.

Um porta-voz do governo australiano não confirmou nem negou o acordo judicial, mas afirmou que estava ciente dos procedimentos legais. O primeiro-ministro Albanese declarou que o caso de Assange já se arrastou por muito tempo e que não há benefício em continuar seu encarceramento.

O acordo de confissão de culpa vem após meses de consideração, durante os quais o presidente Joe Biden afirmou que estava avaliando um pedido da Austrália para abandonar o processo dos EUA contra Assange.

Assange foi indiciado durante a administração Trump pela divulgação de documentos secretos dos EUA pelo WikiLeaks, vazados por Chelsea Manning, que também foi processada sob a Lei de Espionagem.

As acusações contra Assange geraram indignação entre seus apoiadores globais, que argumentam que ele, como editor do WikiLeaks, não deveria enfrentar acusações normalmente reservadas a funcionários do governo.

LIBERDADE DE EXPRESSÃO EM PAUTA

Defensores da liberdade de imprensa argumentaram que criminalizar Assange representa uma ameaça à liberdade de expressão.

Assange foi inicialmente preso no Reino Unido em 2010, com base em um mandado de prisão europeu relacionado a acusações de crimes sexuais que foram posteriormente retiradas pelas autoridades suecas.

Ele se refugiou na embaixada do Equador por sete anos para evitar extradição para a Suécia. Em 2019, foi retirado da embaixada e preso por não pagar fiança, desde então permanecendo na prisão de segurança máxima de Belmarsh, em Londres.

Enquanto esteve em Belmarsh, Assange casou-se com Stella, com quem teve dois filhos durante seu período na embaixada do Equador.

Chelsea Manning foi condenada a 35 anos de prisão por vazar documentos governamentais e militares confidenciais para o WikiLeaks. Sua sentença foi comutada por Barack Obama em 2017, permitindo sua libertação após aproximadamente sete anos de detenção.



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