Irã tem filas para comercio de rins, espera cria mercado negro

No Irã, porém, ele pode comprar legalmente o órgão de uma pessoa viva.

Mulher passa diante de anúncios de venda ilegal de rins no centro de Teerã | Reprodução/Internet
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O funcionário público iraniano Alireza Noruzi (nome fictício), 45, tem um irmão doente que precisa de um transplante de rim. Em qualquer outro país, Noruzi dependeria da morte de algum doador compatível para aliviar o sofrimento da família.

No Irã, porém, ele pode comprar legalmente o órgão de uma pessoa viva.

O comércio de rins é permitido, incentivado e controlado pelas autoridades da república islâmica há mais de 20 anos. Por meio de sua Associação Caritativa de Apoio aos Pacientes de Rins, o governo promove encontros entre doadores e compradores, que, uma vez em contato, definem o preço da transação em comum acordo.

Quem quiser vender seu órgão receberá em média 90 milhões de riais, equivalentes a US$ 3.000, dos quais US$ 300 são pagos pelo Estado como "retribuição" fixa por ajudar a diminuir filas de espera.

Noruzi, uma das várias pessoas ouvidas pela Folha nesta reportagem, inscreveu o irmão doente no registro oficial de compradores potenciais. Mas a associação não considerou o caso urgente, e o prontuário foi empurrado para uma lista de espera na qual pacientes podem permanecer por até oito meses.

Preocupado com a piora do irmão, Noruzi recorreu ao mercado negro. "A associação oficial faz um ótimo trabalho, mas estamos desesperados", justifica o funcionário público.

Candidatos ao comércio ilegal não faltam. As ruas de Teerã estão cheias de anúncios em folhas de papel cravadas em árvores ou rabiscados nos muros com marcador. Uns buscam doadores, mas a grande maioria é relativa à venda.

A maioria das inscrições ostenta o primeiro nome do doador, o tipo de sangue e um telefone para contato.

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