Irã: Nasrin Sotoudeh é condenada a 11 anos de prisão

Advogada tem 20 dias para apelar da sentença.

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A advogada defensora dos direitos humanos Nasrin Sotoudeh, detida em setembro no Irã, foi condenada a 11 anos de prisão e proibida de exercer sua profissão por 20 anos, como punição por "ações contra o regime iraniano", informou seu marido à AFP nesta segunda-feira.

No domingo, os juízes "disseram ao advogado de minha esposa que ela havia sido condenada a 11 anos de prisão e a 20 anos de proibição de exercício da advocacia, além de ter sido expulsa do Irã", declarou Reza Khandan, marido de Nasrin.

Khandan explicou que sua mulher, presa no dia 4 de setembro, foi declarada culpada de "ações contra a segurança nacional, propaganda contra o regime e pertencimento ao Centro de Defensores dos Direitos Humanos", grupo iraniano fundado pelo ganhador do Prêmio Nobel da Paz Shirin Ebadi.

Nasrin Sotudeh, de 45 anos, defende opositores do regime iraniano detidos depois da polêmica reeleição do presidente Mahmud Ahmadinejad, em junho de 2009, que provocou dezenas de manifestações reprimidas violentamente pela polícia.

Em dezembro, Shirin Ebadi organizou uma manifestação em frente à sede europeia da ONU em Genebra para pedir a libertação de Nasrin Sotudeh, que na época fazia uma greve de fome - que por fim suspendeu - para protestar contra sua prisão e as condições da cela onde era mantida isolada.

A advogada representou na justiça Shirin Ebadi, antes de sua fuga do Irã com a família às vésperas da eleição, e Issa Saharjiz, jornalista e assistente do dirigente da oposição reformista Mezhdi Karubi.

Sotudeh também assumiu a defesa de várias pessoas detidas durante as manifestações.

Dezenas de jornalistas, advogados, líderes políticos e defensores dos direitos humanos já foram presos desde junho de 2009. Com frequência, são condenados a pesadas penas de prisão.

Da mesma maneira, centenas de manifestantes foram sentenciados a condenações severas, e cerca de uma dezena deles chegou a ser condenado à morte em primeira instância.

Anteriormente, Nasrin Sotudeh havia se comprometido com a defesa de jovens condenados à morte por atos cometidos quando eram menores, uma das várias práticas judiciais iranianas regularmente denunciadas por organizações humanitárias e pela Assembleia Geral da ONU.

O marido de Nasrin Sotudeh disse que ela foi perseguida por ter dado entrevistas à mídia estrangeira sobre alguns dos casos dos quais cuidava no momento.

"Ela mencionou os clientes que defendia e às vezes informou o público sobre alguns vícios de procedimento. Não insultou ninguém e se mostrou sempre moderada em suas declarações", insistiu.

"Este julgamento é totalmente grosseiro", acrescentou Reza Jandan. "Em que lugar do mundo uma mãe é presa por ter dado algumas entrevistas?", perguntou.

Jandan e Sotudeh têm um filho de 3 anos e uma filha de 11.

Nasrin Sotudeh tem 20 dias para apelar da sentença.

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