Os inspetores das Nações Unidas (ONU) que investigavam o suposto ataque com armas químicas na Síria, chegaram neste sábado (31) a Beirute, capital do Líbano. A equipe atravessou, por terra, a fronteira do país após quatro dias de investigações em áreas controladas por rebeldes sírios, nos arredores de Damasco.
O grupo informou que ainda não há um prazo para a divulgação das análises na Síria. O presidente americano, Barack Obama, disse que está pesando em realizar uma ação militar "limitada e restrita" contra o regime sírio, que os EUA acreditam serem os autores do ataque químico.
Segundo a imprensa libanesa, os funcionários da ONU entram no país pelo posto de controle fronteiriço de Masnaa, onde passaram a ser escoltados pela força de segurança local.
A equipe, dirigida pelo Dr. Ake Sellstrom, estava na Síria desde segunda-feira (26) para investigar as denúncias de um ataque químico contra a população civil, que segundo os Estados Unidos deixou 1.429 mortos, incluindo 426 crianças, na semana passada.
Segundo a agência de notícias Associated Press, os especialistas levaram consigo amostras de sangue e urina das vítimas , bem como amostras de solo de áreas afetadas para a realização de exames em laboratórios da Europa.
A representante da ONU para o desarmamento, Angela Kane, que acompanhou a equipe de inspetores, já havia abandonado a Síria na sexta-feira (30). Ela deve informar o resultado da missão ao secretário-geral das ONU, Ban Ki-moon, em Nova York.
Na sexta, quarto dia de inspeções na capital síria, os inspetores concluíram o relatório sobre o suposto uso de armas químicas por parte do governo do presidente Bashar al-Assad contra a população.
No entanto, a ONU esclareceu que não emitirá nenhum relatório preliminar sobre o suposto ataque nos arredores de Damasco e que as analises serão concluídas antes de serem apresentadas. "Quero esclarecer alguns mitos que estão circulando. Os analistas não apresentarão um relatório preliminar, Haverá relatório uma vez concluída todas as análises das evidências recolhidas", afirmou o porta-voz da ONU, Martin Nesirky.
Nesirky acrescentou que, após a conclusão do processo científico, o relatório será enviado a Ban Ki-moon para ser compartilhado entre os Estados-membros. No entanto, as demais denúncias de ataques químicos seguirão sendo investigadas para formação de um "relatório final completo".
Os inspetores da ONU devem retornar a Haia, sede da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), para transferir as mostras a diferentes laboratórios, um processo que será supervisionado pessoalmente pelo responsável do grupo, o professor sueco Ake Sellström.
A Síria é um dos cinco países que não assinou a Convenção das Armas Químicas - documento internacional que proíbe o uso desse tipo de arma.
O opositor grupo Coalizão Nacional Síria (CNFROS) denuncia que pelo menos 1,5 mil pessoas teriam morrido no ataque lançado pelo Exército sírio, acusação que foi negada pelas autoridades do regime, que, por sua vez, seguem atribuindo o uso de armas químicas aos rebeldes.