O governo do Japão convocou seu embaixador-geral na Coreia do Sul e seu cônsul-geral em Busan para esclarecimentos sobre a colocação de uma estátua de mulher em frente ao consulado na cidade sul-coreana.
A imagem posta por ativistas lembra as "mulheres de conforto", escravas sexuais que eram colocadas "à disposição" de militares do Japão durante a ocupação japonesa entre 1910 e 1945.
"Nós pedimos repetidamente para a Coreia do Sul para resolver a situação de maneira apropriada, mas não vimos melhoras e decidimos tomar uma decisão", disse o porta-voz do Gabinete de Tóquio, Yoshihide Suga, nesta sexta-feira (6).
O representante ainda ressaltou que as autoridades de seu país "seguirão insistindo junto ao governo da Coreia do Sul e às autoridades municipais para que retirem a estátua rapidamente".
Em dezembro de 2015, Seul e Tóquio firmaram um acordo sobre o tema, em que os japoneses se comprometiam a pagar cerca de um milhão de ienes (cerca de 7,5 milhões de euros) para as famílias e sobreviventes das mulheres que foram escravizadas. Em contrapartida, os sul-coreanos não poderiam mais criticar o episódio.
No entanto, no fim do ano passado, um grupo de parlamentares da oposição, em meio ao processo que levou ao afastamento da presidente Park Geun-hye, afirmou que tentará de tudo para cancelar o acordo, que consideram insuficiente pelos danos causados.
"Mulheres de conforto"
As "mulheres de conforto" eram, em sua maioria sul-coreanas, mas também haviam jovens filipinas, chinesas e indonésias. Estima-se que mais de 200 mil foram escravizadas pelos japoneses durante toda a guerra. Em 2007, o governo de Tóquio pediu perdão pelos atos, em fato que culminou com a assinatura do acordo em 2015.
De acordo com o jornal Japan Daily Press, muitos japoneses não se opõem ao monumento em Seoul e alguns grupos de ativistas, inclusive, criticam a postura de seu governo em relação à estátua.
Esses grupos, conforme reportado pelo jornal, entendem que o governo japonês não fez o suficiente para se mostrar responsável pela violação dos direitos das mulheres, não apenas da Coreia do Sul, mas também de países como Taiwan, China, Malásia e Filipinas.
Em comentário ao Bikya News, a estudante Eko Yomomi disse que as ativistas não irão deixar de pressionar o governo até que toda a Ásia reconheça o quanto a sociedade do Japão lamenta o episódio envolvendo as "mulheres de conforto".