O ex-enfermeiro alemão Niels Högel admitiu 100 assassinatos de pacientes na abertura de seu julgamento nesta terça-feira (30), em um caso sem precedentes no país desde a Segunda Guerra Mundial.
O acusado, de 41 anos, escutou, de cabeça baixa e sem esboçar expressão, os nomes das 100 pessoas que ele matou, entre 2000 e 2005, lidos pela promotora Daniela Schiereck-Bohlmann.
Após um minuto de silêncio em memória das vítimas e da leitura da ata de acusação, o tribunal perguntou a Högel se as acusações contra ele estavam corretas. "Sim", ele respondeu em voz baixa. "Tudo que eu confessei é verdade."
Surpresas, as pessoas presentes receberam essas confissões em silêncio.
Durante cinco anos, primeiro no Hospital de Oldenbourg e depois no município vizinho de Delmenhorst, Niels Högel injetou intencionalmente drogas em pacientes para causar parada cardíaca antes de tentar reanimá-los, na maioria das vezes sem sucesso.
Seus motivos: desejo de brilhar na frente de seus colegas, mostrando suas habilidades de ressuscitação, e "tédio", de acordo com a Promotoria.
Ele escolhia arbitrariamente suas vítimas, com entre 34 e 96 anos.
O exame psiquiátrico ao qual foi submetido revelou distúrbios narcísicos e um pânico da morte.
Hoegel escondeu o rosto atrás de uma pasta azul enquanto era escoltado por policiais e seu advogado ao tribunal na cidade de Oldenburg.
Högel já cumpre uma pena de prisão perpétua há quase seis anos por seis crimes semelhantes. Até agora, ele nunca expressou verdadeiro remorso. E de acordo com colegas da prisão, ele se gaba de ser o maior criminoso desde a última guerra.
O atual julgamento diz respeito à 64 assassinatos em Delmenhorst e à 36 em Oldenbourg. Mas Niels Högel esconderia outros segredos. De fato, os investigadores avaliam o número real de vítimas em mais de 200, o que é impossível provar porque muitas vítimas foram cremadas.
Todos os familiares querem que a justiça seja feita para encerrar o luto, mas também para entender como o enfermeiro foi capaz de cometer tais crimes entre 2000 e 2005 nos hospitais onde trabalhou sem que seus empregadores, a polícia ou a justiça reagissem.
"Todos os elementos estavam lá. Não era preciso ser um Sherlock Holmes" para perceber que um assassino estava agindo, reclamou à AFP o neto de uma vítima, Christian Marbach.
Quando questionado pelo tribunal, Niels Högel começou a falar sobre sua vida e personalidade, explicando que se drogava com analgésicos para lidar com a pressão de uma unidade de terapia intensiva.
"Foi o estresse. Com as drogas, parecia mais fácil", disse o acusado, acrescentando que deveria ter percebido que "este trabalho não era para ele".