Há evidências que ligam o governo paquistanês à rede de militantes Haqqani, aliada ao Taleban, afirmou o embaixador dos Estados Unidos em Islamabad, acusando o grupo de ser responsável pelo ataque de semana passada em Cabul.
Em comentários duros transmitidos pela rádio estatal do Paquistão no sábado, o embaixador Cameron Munter afirmou: "Deixe-me dizer que o ataque que ocorreu em Cabul há alguns dias atrás, aquilo foi trabalho da rede Haqqani".
"Há evidências que ligam a rede Haqqani ao governo do Paquistão. Isso é algo que deve parar", disse Munter.
Suas observações seguem um aviso do Secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, que afirmou após o ataque de Cabul --no qual os rebeldes dispararam foguetes contra a embaixada dos EUA e a sede da Otan, deixando 15 mortos-- que Washington retaliaria contra os insurgentes baseados no Paquistão.
Os EUA há muito tempo exigem que o Paquistão adote medidas contra a rede Haqqani, e suspeitam que o grupo teve apoio dentro dos temidos serviços de inteligência do Paquistão.
Mas os comentários públicos são uma marca das relações tensas entre os frágeis aliados antiterror, com as relações ainda mais complicadas desde a incursão americana em solo paquistanês que matou o líder da Al Qaeda Osama Bin Laden em maio.
Quando solicitado a fornecer evidências da ligação com o governo paquistanês, Munter disse apenas que "nós acreditamos que seja o caso".
Reconhecendo que o ano passado foi "duro", o embaixador convocou uma ação conjunta contra o terrorismo e disse que Estados Unidos e Paquistão estão "fundamentalmente do mesmo lado".
Não houve reação imediata de Islamabad sobre as acusações, mas o governo paquistanês negou com veemência qualquer ligação com grupos militantes.
Acredita-se que a rede Haqqani esteve por trás de alguns dos ataques mais mortíferos no Afeganistão, onde a Otan planeja uma retirada gradual das tropas após uma guerra de dez anos.