De prisioneiro a líder da China: quem é o presidente que enfrentou Trump

Xi Jinping ocupa os principais cargos de liderança na China desde 2012, quando assumiu o comando da Comissão Militar Central

 Xi Jinping e Donald Trump | Reprodução Xi Jinping e Donald Trump | Foto: Reprodução
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O presidente da China, Xi Jinping, 71 anos, adotou uma postura firme diante das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos durante o governo de Donald Trump, respondendo com medidas similares que deram início a uma disputa comercial entre os dois países. Apesar do clima de tensão, Trump já chegou a reconhecer Xi como uma figura de inteligência estratégica e indicou a possibilidade de negociações para amenizar o conflito tarifário. Com informações do UOL.

Origem e formação

Xi Jinping ocupa os principais cargos de liderança na China desde 2012, quando assumiu o comando da Comissão Militar Central e a secretaria-geral do Partido Comunista Chinês (PCC). Em 2013, tornou-se oficialmente presidente da República Popular da China, consolidando sua influência política. Desde então, é o líder chinês com maior longevidade no poder desde a era de Mao Tsé-Tung.

Filho do veterano revolucionário Xi Zhongxun, Jinping cresceu em meio à elite política de Pequim, frequentando instituições educacionais voltadas à formação de quadros do partido. No entanto, a trajetória da família mudou drasticamente durante a Revolução Cultural. Acusado de traição partidária, seu pai foi afastado e enviado ao interior do país, enquanto Xi, então adolescente, foi transferido para uma região rural na província de Shaanxi, onde viveu sob duras condições.

Durante esse período, ele passou sete anos realizando trabalhos manuais em um vilarejo isolado. O próprio Xi descreveu essa fase como decisiva para sua formação, marcada por dificuldades físicas e reflexões sobre sua identidade e propósito. Tentou fugir do local, mas acabou sendo detido e transferido a um campo de trabalhos forçados antes de retornar ao vilarejo graças à intervenção de familiares.

Ingresso no partido e ascensão

Apesar do histórico familiar desfavorável, Xi Jinping persistiu em seu objetivo de integrar o Partido Comunista. Após diversas tentativas, foi aceito como membro e, ainda jovem, começou a atuar politicamente nas regiões rurais, onde ganhou visibilidade entre a população local. Mais tarde, ingressou na Universidade de Tsinghua para estudar engenharia química, beneficiando-se de um programa educacional voltado a trabalhadores e camponeses.

Nos anos seguintes, ascendeu dentro do aparato partidário. Ao longo de sua carreira, Xi passou a adotar um discurso crítico à corrupção e ao enriquecimento de lideranças durante os anos de crescimento acelerado da economia chinesa, principalmente nas décadas de 1990 e 2000. Em 2012, após a prisão de Bo Xilai — importante rival político acusado de corrupção e envolvimento em crimes —, Xi consolidou sua posição como figura central no partido.

Reformas internas e consolidação do poder

Desde que assumiu o poder, Xi Jinping conduziu uma ampla campanha de combate à corrupção, que resultou na destituição de altos funcionários públicos e militares. Paralelamente, lançou programas de combate à pobreza, incentivo à inovação tecnológica e expansão da infraestrutura, com o objetivo de promover crescimento econômico equilibrado.

Uma de suas propostas centrais tem sido a “prosperidade comum”, que busca reduzir desigualdades por meio de maior contribuição das elites econômicas e fortalecimento das empresas estatais. Essa abordagem tem sido interpretada por analistas como uma tentativa de recentralizar o controle do Estado sobre o setor produtivo.

Sua gestão também foi marcada pela remoção do limite de mandatos presidenciais em 2018, medida que lhe permitiu permanecer indefinidamente no cargo, consolidando ainda mais seu domínio sobre o sistema político chinês.

Direitos humanos e política externa

O governo Xi tem sido alvo de críticas internacionais devido a denúncias de violações aos direitos humanos, principalmente em relação ao tratamento de minorias étnicas, como os uigures na região de Xinjiang. Além disso, a censura e os mecanismos de vigilância interna foram ampliados, contribuindo para o fortalecimento do controle estatal sobre a sociedade civil e a mídia.

Na política externa, a China adotou uma postura mais assertiva. As tensões com Taiwan aumentaram, e em Hong Kong, a aprovação da Lei de Segurança Nacional em 2020 ampliou o controle de Pequim sobre o território, gerando críticas de organizações pró-democracia.

Por outro lado, Xi tem buscado fortalecer a influência internacional da China por meio da Iniciativa do Cinturão e Rota (Nova Rota da Seda), que financia projetos de infraestrutura em países da África, Ásia e Europa. A diplomacia chinesa também tem se concentrado em consolidar alianças fora do eixo ocidental, como no grupo Brics, formado por China, Brasil, Rússia, Índia e África do Sul.

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