Crianças e até bebês estão atravessando a fronteira sozinhos para fugir da violência. E não é no Iraque ou na Síria: o drama é na fronteira dos Estados Unidos. A reportagem é de Elaine Bast.
Assustado, o menino de 10 anos conta que ficou com medo na viagem. Com ele chegaram várias outras crianças, algumas de apenas 4 anos. Elas viajam sozinhas, saindo principalmente da Guatemala, de Honduras e de El Salvador. Muitas são colocadas em ônibus pelos próprios pais. Se arriscam em uma viagem perigosa, que pode durar mais de um mês, para fugir da violência desses países.
A maioria das crianças chega aos Estados Unidos depois de atravessar de boia o Rio Grande - na fronteira com o México. Quando completam a travessia, muitos menores são levados pela patrulha a um centro de recepção de imigrantes ilegais.
Neste centro, voluntários contam que alguns imigrantes chegam sem sapatos, alguns bebês sem roupas, só com fraldas. E eles encontram abrigos superlotados, com gente dormindo no chão, sujeira e relatos de violência e até de abuso sexual.
Mais de 47 mil menores de idade desacompanhados atravessaram a fronteira americana entre outubro do ano passado e maio deste ano, quase o dobro do número registrado nos 12 meses anteriores.
Para mexicanos e canadenses, a deportação do país é imediata, mas para pessoas de outros países que não fazem fronteira com os Estados Unidos, o processo é mais lento e pode demorar anos. Basta o imigrante ter um endereço fixo nos Estados Unidos, que pode ser por exemplo a casa de um parente ou conhecido que mora no país, e se apresentar a um juiz em uma data definida, para poder circular livremente pelo país até o fim do julgamento.
Em Washington, uma comissão do Senado já classificou a situação como crise humanitária. O governo americano anunciou que vai enviar quase US$ 10 milhões para que Guatemala, El Salvador e Honduras possam receber seus cidadãos de volta, e vai destinar uma verba adicional para o combate da violência nessas regiões.