Uma enfermeira polonesa chamada Irena Sendler foi quem mais salvou vidas judias durante o holocausto da segunda guerra mundial. Irena atuou na resistência polonesa, chefiando a seção infantil do Conselho Polonês para Auxilio aos judeus. Com a ajuda de sua equipe, Irena salvou nada menos que 2.500 crianças, retirando-as do gueto de Varsóvia e providenciando documentos falsos e esconderijos para que pudessem sobreviver às perseguições. Para compreender o impacto de Sendler, basta lembrar que a lista de Schindler continha 1200 nomes.
Por trabalhar para o Serviço Social, Irena possuía uma autorização especial para frequentar o gueto, combatendo sinais de doenças. Em cada visitia, Irena e sua equipe escondiam crianças em todo e qualquer local possível: ambulâncias, pacotes, caixas e sacos de lixo. Durante as visitas, a enfermeira fazia questão de usar a estrela de Davi em seu braço – sinal obrigatório que identificava os judeus do resto da população – em solidariedade.
Com exceção de diplomatas que arranjavam passaportes e vistos para que judeus pudessem escapar da europa, Sendler é a pessoa que mais salvou vidas durante o conflito. E, como se não bastasse, após suas atividades serem descobertas, e ser presa pela temida polícia nazista, a Gestapo, torturada e condenada à morte, Sendler conseguiu burlar a condenação e sobreviver à guerra.
Condecorada por seus atos com a Ordem da Águia Branca, a mais alta condecoração polonesa, Irena viveu em Varsóvia até o fim da sua vida, em 2008, aos 98 anos, com simplicidade peculiar. Ela fez questão a vida inteira de frisar que não fez nada sozinha, e que não eram heróis, pelo contrário: “Eu continuo a sofrer dores de consciência por ter feito tão pouco”, ela disse. “O que fizemos não foi extraordinário. Foi normal”. Nos resta viver para construir, em sua memória, um mundo em que tamanha coragem, altruísmo, empatia e força sejam de fato a normalidade.