Uma nova pesquisa científica indica que traços de 'primos distantes' dos humanos – até então considerados perdidos e desconhecidos – podem estar escondidos no DNA de moradores da Melanésia, uma região no sul do Pacífico que abrange a Papua Nova Guiné e ilhas vizinhas. Essas pessoas, de acordo com o estudo de um geneticista, podem indicar a existência de uma nova espécie humana.
De acordo com o cientista Ryan Bohlender, da Universidade do Texas, EUA, esta misteriosa e nova espécie apareceu, provavelmente, a partir de um terceiro ramo da árvore genealógica dos hominídeos que produziu os Neanderthais e os hominídeos Denisova, um primo distante extinto dos Neanderthais. A conclusão foi apresentada no dia 20 de outubro durante reunião anual da Sociedade Americana de Genética Humana (ASHG, por sua sigla em inglês).
Enquanto muitos fósseis dos Neanderthais foram encontrados na Europa e na Ásia, os Denisovas são conhecidos apenas a partir do DNA de um osso do dedo e um par de dentes encontrados em uma caverna siberiana. As informações são do serviço em português da agência russa Sputnik e da "Sience News".
Antes de Bohlender sugerir que traços de outra espécie humana remanesceram até os tempos atuais, outro estudo divulgado em 2012 já indicava que algumas pessoas da África carregavam o DNA de uma espécie extinta.
Há menos de uma década, cientistas descobriram que os ancestrais humanos se misturaram aos Neandertais. Muitos não-africanos (europeus e asiáticos) continuam carregando consigo uma pequena parcela do DNA dos Neanderthais, o que é associado a vários problemas de saúde, tais como ataques cardíacos ou vírus do papiloma humano (HPV).
Bohlender e colegas calculam que europeus e chineses têm porcentagens similares de material Neandertal no DNA: algo em torno de 2,8%. Europeus não possuem traços dos hominídeos Denisovas, enquando chineses têm muito pouco (0,1%), segundo o geneticista do Texas.
Já os moradores da região da Melanésia possuem cerca de 1,1% de material genético herdado dos Denisovas, segundo o novo estudo. Essas pessoas também têm 2,74% do DNA dos Neandertais.
De acordo com outro grupo de pesquisadores do Museu de História Natural da Dinamarca que analisaram o DNA de 83 aborígenes australianos e 25 nativos da Papua Nova Guiné e publicaram o estudo na revista "Nature", o DNA deles era muito semelhante ao dos Denisovas, mas poderia pertencer a outro hominídeo, o Homo Erectus ou assim chamado Hobbit.
"Nós ainda não sabemos quem é", disse o pesquisador Eske Willerslev. Entretanto, poderia ser que a nova espécie se refira a outro ramo dos Denisovas, que ainda não são bastante investigados, diz Mattias Jakobsson, geneticista da Universidade de Uppsala (Suécia). "Os humanos modernos e arcaicos se encontraram em numerosas ocasiões e tiveram muitos filhos", disse ele.