Um cartão postal enviado por Adolf Hitler durante a Primeira Guerra Mundial, enquanto ele se recuperava de um ferimento, foi descoberto durante um projeto de história europeia, em Munique, na Alemanha.
"Eu achei difícil de acreditar que, em um evento local, para registrar histórias de pessoas comuns, eu estava vendo um documento inédito escrito por Hitler de próprio punho", disse Stuart Lee, da Universidade de Oxford, que trabalhava como consultor para o projeto Europeana 1914-1918, que promove feiras interativas sobre História com o intuito de preservar a memória do período.
No cartão de 1916, Hitler, então com 27 anos, escreve para um companheiro de regimento, Karl Lanzhammer, e conta que está passando por um tratamento dentário. Ele diz que quer voltar ao front, algo, que segundo especialistas, seria extremamente incomum nesse estágio da guerra, mesmo entre os mais patrióticos.
"Calafrios"
Apesar de estar acostumado a se deparar com documentos extremamente raros, Lee diz que estremeceu ao segurar a correspondência.
"Eu estava tocando algo que Hitler tocou. Tudo passa pela sua mente."
Thomas Weber, especialista da Universidade de Aberdeen sobre Hitler durante a Primeira Guerra, diz que todas as outras cartas conhecidas de Hitler nesta época também foram enviadas a soldados de seu regimento.
Isso indica, segundo ele, que Hitler via seus companheiros de guerra como uma espécie de família adotiva.
"Todos os outros soldados estariam escrevendo para casa."
"Rede social" da guerra
No cartão recém-descoberto, Hitler diz que irá requisitar sua volta voluntária "ao campo (de batalha) imediatamente". Weber diz que isso revela uma necessidade de voltar "à rede social mais próxima" que ele conheceu desde a morte de sua mãe.
O documento também contém um erro de ortografia na palavra alemã para "imediatamente", escrita como "soffort" em vez de "sofort".
Os especialistas dizem que é extremamente raro descobrir novas informações sobre o jovem Hitler, porque quando estava no poder ele destruiu sistematicamente muitos documentos sobre outros momentos de sua vida.
O homem que recebeu o cartão postal morreu em 1918, mas a correspondência acabou nas mãos de um colecionador, cujo filho levou o cartão à feira do projeto Europeana, em Munique.
Depois de ser autenticado por especialistas e digitalizado, o cartão foi devolvido aos donos.