A Igreja Católica divulgou um documento recentemente indicando que bispos recém-nomeados não são obrigados a denunciar casos de abuso sexual infantil por parte de clérigos. De acordo com a cartilha, que rege como membros da instituição devem lidar com acusações do tipo, sugere que a decisão de reportar o crime à polícia cabe às vítimas e suas famílias. A orientação, no entanto, vai de encontro à promessa do Papa Francisco de uma política de tolerância zero contra agressões a crianças.
As diretrizes ainda apontam que o bispo deve estar a par da legislação local, mas enfatiza que sua obrigação é apenas encaminhar as denúncias às autoridades da Igreja.
“De acordo com a leis civis de cada território onde a denúncia (à polícia) é obrigatória, não é necessariamente dever do bispo reportar as suspeitas no momento em que ficam sabendo de crimes ou atos pecaminosos”, atesta o documento.
Apesar de a cartilha reconhecer que a Igreja Católica foi “particularmente afetada” por crimes sexuais cometidos contra crianças, o documento minimiza sua parcela de culpa e afirma que a maior parte dos casos são cometidos por parentes, amigos ou vizinhos.
As diretrizes são parte de um amplo treinamento de bispos e foram escritas pelo polêmico monsenhor e psicoterapeuta Tony Anatrella, ora consultor do Conselho Pontifício para a Família.