Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que, em 2000, os homens passaram a viver, em média, quase nove anos a menos que as mulheres no sudeste do país.
O estudo "Indicadores Sociodemográficos e de Saúde 2009", que abrange estatísticas de fecundidade, natalidade e mortalidade de 1960 a 2005, ainda afirma que a sobrevida da mulher aumentou de seis para quase oito anos (7,6) no Brasil. De acordo com o levantamento, as diferenças por sexo para esse indicador passam a ser relevantes a partir dos anos 80 em praticamente todas as regiões brasileiras, por causa da tendência de aumento das causas violentas, que passam a afetar prioritariamente os homens. A pesquisa também mostra que o aumento da instrução feminina vem contribuindo para a redução do número de filhos.
Até 1960, a taxa de fecundidade total (TFT) era levemente superior a seis filhos por mulher, caindo para 5,8 filhos na década de 70, puxada pelo sudeste. No sul e centro-oeste do país, o início da transição da fecundidade ocorreu a partir do início da década de 70, enquanto no norte e nordeste, apenas no início da década de 80. "O declínio manteve-se nas décadas seguintes, chegando à estimativa de 1,99 filho em 2006 - um declínio vertiginoso em 30 anos em relação a países desenvolvidos, que demoraram mais de um século para atingir patamares similares", informou a pesquisa.
O estudo aponta que grupos menos instruídos ainda apresentam taxas de fecundidade mais elevadas. Porém, essa diferença vem se reduzindo nas últimas três décadas em todas as regiões. O diferencial, que, em 1970, era de 4,5 filhos por mulher, depois declinou para 1,6 filho em 2005, puxado pela queda na taxa de fecundidade total das mulheres com até três anos de estudo, que passa de 7,2 filhos para 3 filhos. No entanto, em todos os estados, as mulheres com mais de oito anos de escolaridade (pelo menos o ensino fundamental completo) têm taxas de fecundidade total abaixo do nível de reposição (2 filhos), segundo a pesquisa do IBGE.
Mortalidade desigual Em 1940, o nordeste já apresentava o menor valor de esperança de vida [ou expectativa], 36,7 anos, contra 49,2 anos no sul; 47,9 anos no centro-oeste; e 43,5 anos no sudeste. Até meados da década de 50, houve um aumento de cerca de dez anos para o país como um todo (de 41,5 anos para 51,6 anos), enquanto no nordeste o incremento foi de apenas quatro anos, e, nas regiões do centro-sul e sudeste os ganhos chegaram a 14 anos.
As diferenças entre o nordeste e o sul, de 19 anos nas décadas de 1960/70, se reduziram para 5 anos em 2005. De acordo com o estudo do IBGE, somente a partir de meados da década de 70, com a ampliação da rede assistencial, da infraestrutura de saneamento básico e da escolarização, tem início uma redução significativa nos padrões da desigualdade regional em relação à mortalidade. "80% das pessoas que morriam na Paraíba até o final da década de 90 não tinham atestado de óbito com as causas específicas da morte. Houve uma queda dessas causas mal definidas a partir de 2.000, quando começaram a registrar as causas das mortes, geradas principalmente por doença cardiovascular e câncer, doenças que mais matam", afirmou à Folha Online a pesquisadora do IBGE, a socióloga Sônia Oliveira.