O governador de Nairóbi, capital do Quênia, distribuiu garrafas de conhaque em um kit de suprimentos para a população carente da região em meio a pandemia de coronavírus. Na quinta-feira (16), Mike Sonko disse que a bebida ajudaria a "matar o vírus".
Em uma entrevista coletiva sobre as ações de seu governo durante a pandemia, Sonko defendeu o consumo de álcool para "limpar a garganta" contra o coronavírus. Segundo ele, a informação teria sido dada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Tanto a empresa responsável pela produção da bebida, quanto o governo nacional desmentiram o político. O governador é conhecido por ser bastante midiático e desfilar exibindo joias e ítens de luxo.
No final do ano passado, ele chegou a ser preso após uma investigação sobre corrupção mas foi solto depois de pagar fiança.
Álcool enfraquece defesas
Na terça-feira (14), OMS defendeu a redução do consumo de bebidas alcoólicas durante a pandemia. Em um comunicado, a agência de saúde da ONU informou que o álcool reduz a eficácia na resposta do sistema imunológico e reforçou que bebidas alcoólicas não atuam no combate à Covid-19.
A distribuidora do conhaque comprado pelo governo de Sonko também desmentiu o chefe do executivo da capital do Quênia e aconselhou que a melhor forma de se proteger contra o coronavírus é lavar as mãos com água e sabão.
O Quênia registrou, até o momento, cerca de 246 casos confirmados de coronavírus e ao menos 11 mortes, segundo o levantamento da universidade norte-americana Johns Hopkins.
300 mil mortes no continente
A Comissão da Organização das Nações Unidas para a África (Uneca) estimou nesta sexta que a pandemia de Covid-19 pode levar à morte de ao menos 300 mil pessoas na África. Em um pedido de apoio, a agência informou que a crise do coronavírus vai deixar ao menos 29 milhões na extrema pobreza.
Os 54 países da África registraram menos de 20 mil casos do novo coronavírus até então, apenas uma parcela dos mais de dois milhões de casos confirmados a nível global. No entanto, a OMS alertou na quinta que o continente africano pode chegar a 10 milhões de casos entre os próximos três a seis meses.
"Para proteger e rumar em direção à nossa prosperidade compartilhada, são necessários pelo menos 100 bilhões de dólares para obter imediatamente uma resposta da rede de saúde e segurança social", afirmou o relatório da Uneca.