Em Bangladesh, um dos países mais pobres do mundo, a prostituição é legalizada. O bordel Kandapara é o mais antigo do país, existindo há 200 anos no distrito de Tangail. Muitas das 700 mulheres que trabalham por lá cresceram no local, que havia sido destruído em 2014, mas precisou ser reerguido com a ajuda de uma ONG pois as mulheres não sabiam para onde ir após o espaço ser fechado.
Mesmo assim, as prostitutas do país não têm os mesmos direitos que os outros cidadãos: elas sofrem com a falta de liberdade e direitos humanos básicos. A maioria é vítima de tráfico sexual e não pode sair do bordel, além de não terem o direito de guardar o dinheiro dos programas até “comprar sua liberdade“.
Nos primeiros anos, elas trabalham de graça, até pagar a “dívida” inicial de sua chegada. Geralmente, isso acontece depois de cerca de cinco anos de trabalho, quando elas se tornam profissionais do sexo independentes e conquistam o direito de abandonar o local. Apesar disso, como muitas das mulheres acabam sendo mal vistas pela própria família e pela sociedade em geral, é comum que permaneçam no bordel após esse período.
Embora as prostitutas precisem ter no mínimo 18 anos de idade, a maioria delas é menor de idade e toma esteroides para parecer mais velha. Após a liberdade, as moças recebem entre 1.000 e 2.000 Taka (R$ 41 a R$ 82) por dia – o valor depende da beleza da mulher e da qualidade do quarto.
A fotojornalista Sandra Hoyn foi documentar o cotidiano no bordel Kandapara e disse em entrevista que o espaço funcionava praticamente como uma outra cidade, mas com suas próprias regras. O projeto de Sandra ganhou o nome de “The Longing of Others” (“Os Desejos dos Outros,” em tradução livre) e traz imagens impactantes da vida no local.