A trajetória das empresas do grupo EBX, de Eike Batista, na Bolsa de Valores não interessa somente aos seus acionistas (os detentores de ações emitidas pelas companhias).
As ações dessas empresas --LLX, MMX e OGX-- têm enorme influência nos rumos do Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira.
Embora de áreas distintas (logística, mineração e extração de petróleo), as companhias de Eike Batista compartilham algumas características: as grandes expectativas no passado recente foram substituídas por uma desconfiança quase generalizada do mercado.
Outro ponto é que os planos ambiciosos de investimentos, embora prometam retornos significativos em um futuro próximo, enfrentam as dúvidas dos analistas a respeito da capacidade das empresas para atingir suas metas.
Entre as corretoras consultadas pela reportagem do UOL, nenhuma recomenda a compra de ações do grupo EBX neste momento.
Para quem já tem ações da LLX e MMX, a maior parte das corretoras consultadas pelo UOL sugere manter os papéis. No caso específico da OGX, as corretoras brasileiras consultadas sugerem manter os papéis, mas parte dos bancos estrangeiros sugerem vendê-los. É o caso da corretora do banco alemão Deustche, que também rebaixou para metade sua projeção de preço para os papéis.
1) LLX: a empresa de logística do grupo EBX tem como destaque o projeto do complexo industrial do superporto de Açu (litoral norte do Rio de Janeiro), que já recebeu quase R$ 4 bilhões em investimentos desde 2007.
A empresa prevê entrar na fase operacional no segundo semestre. Em funcionamento, diz a empresa, Açu deve se tornar o terceiro maior complexo portuário do mundo.
Mas dois episódios ocorridos nesta semana revelam como as expectativas dos investidores a respeito da empresa ainda seguem bastante instáveis.
Na terça-feira, as ações da LLX subiram 6,7% após a notícia, confirmada pela Petrobras, de que a estatal está em negociações para participar do complexo de Açu. A empresa afirma que 60 empresas já manifestaram interesse em instalar unidades ou fazer operações de embarque e desembarque no complexo portuário.
Um dia antes, no entanto, os mesmos papéis haviam despencado 5,4% por conta de uma notícia veiculada pela revista Veja, apontando o risco de afundamento das obras já construídas do porto de Açu. As informações foram consideradas pela LLX como "inverídicas e infundadas".
2) MMX: o braço do grupo EBX no setor de mineração sofre com uma combinação de alto endividamento, produção abaixo das expectativas e custos altos, junto com um plano agressivo de investimentos, que pode gerar frutos, mas não no curto prazo.
A corretora Planner, que projeta um preço justo de R$ 5,60 para a ação ordinária (atualmente cotada abaixo de R$ 3 na Bovespa), admite que vai demorar para o que mercado aceite o papel a esse preço.
A empresa prevê triplicar sua atual capacidade de produção (10,8 milhões de toneladas de minério por ano) até 2015, quando se estima que, finalmente, a empresa comece a apresentar lucros.
Várias corretoras sugerem que o investidor mantenha os papéis em carteira. Mas o banco americano de investimentos Goldman Sachs, que recomenda a venda, aponta que o papel ainda está caro em relação ao risco de concretização dos investimentos, e na comparação com as outras mineradoras.
3) OGX: a empresa petrolífera do grupo EBX passou por uma severa reversão de expectativas, à medida em que começou a não bater suas metas de produção.
Até o final do ano passado, ainda era possível encontrar projeções de até R$ 9,60 para o preço da ação.
Após a divulgação do prejuízo bilionário para o ano passado, e as dúvidas sobre a produção de alguns campos fundamentais para os resultados da empresa, analistas do mercado praticamente cortaram pela metade suas previsões de preço, hoje na faixa dos R$ 2 e ainda mais baixo.
Há dúvidas também sobre a capacidade da empresa para fazer frente ao plano de investimentos, orçado em US$ 1,3 bilhão para este ano, já que a OGX encerrou o ano passado com US$ 1,6 bilhão no cofre (entre geração de caixa e empréstimos).
Essas dúvidas ganharam reforço com o rebaixamento da "nota" (nível de risco de crédito) da empresa, primeiro pelas agências Fitch e Standard&Poor´s, e depois pela Moody´s. "Esse rebaixamento pode prejudicar a empresa na hora de captar recursos no mercado", diz Luiz Gustavo Pereira, estrategista da Futura Corretora.
No atual nível de preços, alguns analistas sugerem a manutenção do papel em carteira, embora com uma visão de longo prazo. Bancos estrangeiros, no entanto, já divulgaram relatórios para seus clientes em que recomendam a venda do papel.