Pobres, com frequência, têm comportamentos e padrões de vida que dificultam a saída da condição de pobreza. Segundo um estudo da Science divulgado nesta quinta-feira, a razão para isso é que a escassez de recursos afeta a maneira como as pessoas focam e tomam decisões - elas se preocupam com mais intensidade nos problemas imediatos. Os pesquisadores apontam ainda que os resultados podem ser aplicados tanto para pessoas sem dinheiro, quanto outros recursos, como, por exemplo, para aquelas que não têm tempo livre.
Pessoas com baixos orçamentos frequentemente gastam com jogos em loterias, falham ao tentar se inscrever em programas assistenciais, poupam muito pouco e pegam empréstimos demais, diz a publicação. Geralmente, especialistas costumam explicar esse comportamento por traços de personalidade comuns em pessoas pobres ou ainda pelo acesso restrito a moradias e ao sistema financeiro, por exemplo. No entanto, diz a revista, o novo estudo sugere que ter menos dinheiro faz com que as pessoas se foquem mais profundamente em seus problemas imediatos e negligenciem os menos urgentes.
Para tanto, os pesquisadores selecionaram voluntários para "jogar" em uma série de situações em que eles recebiam dinheiro e oferta ao crédito. Os candidatos pobres prestaram mais atenção às suas escolhas e gastaram mais tempo tomando-as, mas também ficaram mais cansados conforme o desenvolvimento da brincadeira. Os jogadores mais pobres também pegaram mais empréstimos - especialmente em rodadas que estavam mais "engajados". A pesquisa concluiu que pessoas pobres poupam e pegam empréstimos com frequência para gastos específicos e propõe que políticas e programas se foquem na necessidade de se poupar pensando no futuro.