O governo deu sinais ontem de que, diante da queda da taxa Selic, já cogita fazer um esforço menor para economizar dinheiro para pagar os juros da dívida pública. Com isso, sobra espaço para medidas de estímulo ao crescimento da economia.
A proposta de Orçamento para 2013 prevê uma meta de R$ 108,1 bilhões para essa economia do governo federal, mas o texto prevê a redução de até R$ 25 bilhões em gastos com investimentos e perdas de receita com desonerações.
Com esse desconto, a meta cai para R$ 83,1 bilhões.
A previsão de abater investimento do valor cheio a ser economizado não é algo novo. O que mudou foi o tom do discurso do governo, que antes dizia com mais veemência que não pretendia usar essa possibilidade de redução.
Ontem, o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que não é possível antecipar o esforço de economia feito pelo governo, porque ele vai depender da conjuntura econômica do próximo ano. "Continuaremos perseguindo a meta cheia, porém, se for necessário, vamos abater."
O governo está disposto a fazer uma meta menor, mas decidiu que não vai explicitar essa disposição.
A meta de superavit, que inclui também as economias feitas por Estados e municípios, sobe para R$ 155,9 bilhões, o que equivale a 3,1% do PIB, mesmo percentual perseguido neste ano.
O crescimento menor da arrecadação neste ano, devido ao desaquecimento da economia e às desonerações concedidas pelo governo, põe em dúvida o cumprimento da meta cheia em 2012.
Segundo o Boletim Focus, levantamento do Banco Central, a expectativa mediana dos economistas de mercado é de que o superavit primário seja de 2,8% em 2012 e 2013.
O superavit primário estabelecido para 2013 é resultado da diferença entre as previsões recordes para receitas (R$ 1,2 trilhão) e despesas (R$ 943,4 bilhões).