A fusão do Pão de Açúcar com o Carrefour no Brasil, se concretizada, teria a vantagem de trazer novas "habilidades" ao País e "talvez ajudasse o novo empreendimento a entrar em outros mercados", opina reportagem da revista The Economist publicada nesta quinta-feira. A reportagem diz que os políticos brasileiros estão preocupados com o fato de o Brasil estar se consolidando principalmente um exportador de commodities.
"Então, estão entusiasmados (com a ideia de) criar campeões nacionais em outros setores, mesmo que sejam parcialmente controlados por estrangeiros", diz o texto, agregando que o know-how trazido pela rede varejista francesa poderia ajudar a ampliar ao exterior os negócios do novo empreendimento. Mas a Economist também cita os empecilhos da fusão pretendida pelo empresário Abílio Diniz, com aporte que pode chegar a R$ 3,9 bilhões do BNDES.
Primeiro, lembra que as negociações provavelmente passarão pelo escrutínio do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), para verificar se haverá excesso de concentração de mercado nas mãos do novo empreendimento. Além disso, existem as desavenças com o grupo Casino, também francês e detentor de grande parcela do Pão de Açúcar.
"O Casino se sente traído", escreve a Economist. "Estava prestes a tomar controle da maior varejista em um dos mercados mais efervescentes. Em vez disso, pode acabar como um acionista marginal. (...) E provavelmente vai levar suas queixas diante da imprevisível Justiça brasileira."
Atrativos óbvios
Ao mesmo tempo, a reportagem diz que o Carrefour tem passado "por maus bocados" na França, onde "tentou, por anos, reavivar o setor de hipermercados, sem muito sucesso". Diante disso, o negócio com o Brasil tem "atrativos óbvios" - entre eles, a revista cita um mercado ainda "fragmentado" no País, uma economia crescente, uma democracia estável e uma população jovem. "A nova companhia (criada pela eventual fusão) teria vendas combinadas de R$ 69 bilhões e uma fatia de 21% do terceiro maior mercado supermercadista depois dos EUA e da China."