SÃO PAULO - Apesar de boa parte dos analistas ter dito recentemente que o risco de quebra de grandes bancos globais já tinha ficado para trás, o governo norte-americano divulgou hoje que vai garantir perdas de mais de US$ 400 bilhões em ativos de dois dos principais conglomerados financeiros dos Estados Unidos: Citigroup e Bank of America (BofA).
Em uma versão renovada e mais detalhada do pacote de salvamento anunciado no final de novembro do ano passado, o Citi acordou com o Departamento do Tesouro dos EUA, com o Federal Reserve de Nova York e com a Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) uma garantia que vai cobrir perdas de um total de US$ 301 bilhões de ativos do banco por um prazo de cinco a dez anos, incluindo hipotecas residenciais, comerciais, financiamentos de automóveis, empréstimos alavancados e outros tipos de operações de crédito. O acerto preliminar de novembro falava em US$ 306 bilhões em ativos, sem entrar em detalhes.
Após receber ajuda, BofA divulga prejuizo de US$ 1,79 bi
Pelos termos do novo acordo, o Citi vai assumir a perda dos primeiros US$ 39,5 bilhões, ante compromisso de US$ 29 bilhões previsto no pacote de salvamento inicial. A partir deste montante, os próximos US$ 16,7 bilhões serão garantidos pelo Tesouro dos EUA e pela FDIC, sendo 10% arcados pelo Citi. Perdas acima deste volume entrarão na conta do Fed de Nova York, que vai dar empréstimos sem a necessidade de devolução, embora com juros. Para ter direito à garantia, o banco vai emitir ações preferenciais no valor de US$ 7,059 bilhões, com juros de 8% ao ano, em favor do Tesouro e da FDIC, além de direitos de subscrição de ações ordinárias a um preço de US$ 10,31.
A operação acordada com o Bank of America é semelhante, com garantia para US$ 118 bilhões em ativos, mas conta também com um aporte direto de capital de US$ 20 bilhões com recursos do pacote de US$ 700 bilhões de salvamento aos bancos. Essa parte do dinheiro será alocada por meio da compra de ações preferenciais que renderão ao Tesouro dos EUA um dividendo anual de 8%.
Em relação à garantia dada ao BofA, o banco assumirá a perda dos primeiros US$ 10 bilhões, dividindo com o governo prejuízos de mais US$ 10 bilhões. Passando o limite de US$ 20 bilhões, o governo dos EUA passa a arcar com 90% das perdas. Para ter o direito à garantia, o Bank of America vai emitir US$ 4 bilhões em ações preferenciais, com dividendo de 8% ao ano, que serão entregues ao Tesouro norte-americano e à FDIC, além de direitos de subscrição de ações.
O anúncio do programa de centenas de bilhões de garantias ocorre no mesmo dia em que o Citi divulgou prejuízo de US$ 8,29 bilhões no quarto trimestre de 2008, acima das expectativas. Já o BofA perdeu US$ 1,79 bilhão no mesmo período, sendo que o recém-adquirido Merrill Lynch teve um rombo de mais de US$ 15,3 bilhões