A atividade econômica da Argentina caiu 3,9% em junho em relação ao mesmo mês do ano anterior, conforme dados oficiais divulgados nesta quarta-feira (21). Esse declínio foi mais acentuado do que o previsto pelo mercado.
Segundo uma pesquisa da agência de notícias Reuters, a média das estimativas indicava uma redução de 1,9%, e até a previsão mais pessimista, que esperava uma queda de 3,2%, não chegou ao nível registrado de 3,9%.
O resultado vem após a economia argentina apresentar uma alta anual de 2,3% em maio, num movimento raro, já que o país vinha de seis meses consecutivos de quedas na atividade econômica.
Naquele mês, a alta foi puxada pelo setor agrícola e pecuário, que disparou 100% na relação anual, superando um período de secas severas no ano anterior, que prejudicou as plantações.
Em junho, o setor continuou crescendo e acumulou uma alta de 82%. Apesar disso, a Argentina não teve forças para continuar crescendo, refletindo as medidas de controle de inflação do presidente Javier Milei, que afetaram o consumo da população e outros setores importantes da economia. O setor de construção, por exemplo, despencou 24% na comparação anual, enquanto a atividade industrial caiu 20%.
Após assumir a presidência, em dezembro passado, Javier Milei promoveu uma série de ajustes que levaram a um "choque na economia". As tarifas de água, gás, luz, transporte público e serviços essenciais deixaram de ser subsidiadas pelo governo, o que promoveu um aumento expressivo nos preços.
Além disso, o presidente também paralisou obras federais e interrompeu o repasse de dinheiro para os estados, visando reduzir os gastos públicos.
As medidas tiveram efeitos: a inflação, depois do choque inicial, vive um período de desaceleração e chegou ao menor patamar de 2022 em julho, os juros começaram a cair e, a notícia mais importante, o país registrou o seu primeiro superávit (quando as receitas do governo são maiores que as despesas) desde 2008 no primeiro trimestre desse ano.