Duas reportagens do jornal "Financial Times" ("FT") sugerem nesta quinta-feira que a crise econ?mica mundial pode, paradoxalmente, terminar sendo ben?fica para o Brasil.
Os artigos, assinados pelo correspondente do jornal em S?o Paulo, afirmam que a crise pode funcionar como um controle para o crescimento econ?mico cujo vigor vinha criando press?es inflacion?rias.
Diferentemente de outras ?pocas, o pa?s est? mais preparado para enfrentar as turbul?ncias, dizem as reportagens, que no entanto alertam para os fatores dom?sticos com potencial de criar problemas no futuro.
"Desta vez ? diferente. Pelo menos at? agora", diz a reportagem "Brasil espera um resfriado leve, mas nada s?rio", publicada na vers?o impressa do di?rio financeiro brit?nico.
O t?tulo faz refer?ncia ao tradicional dito segundo o qual "quando os mercados financeiros americanos espirram, a Am?rica Latina pega uma gripe".
A mat?ria diz que, embora n?o tenha conseguido se descolar do resto do mundo, o Brasil est? otimista em que seu n?vel de reservas em torno de US$ 200 bilh?es seja capaz de conter uma turbulenta sa?da de capitais como a que se seguiu ? crise asi?tica em 1997 e a crise da R?ssia em 1998.
"Mais que isso, a crise de cr?dito pode ter vindo em boa hora, num momento em que a atividade econ?mica apresenta indicadores que apontam para uma curva de superaquecimento. Assim, a crise, potencialmente, pode ajudar o pa?s a desaquecer sua economia sem derrubar o crescimento abaixo do potencial do pa?s", escreve o "FT".
Economistas ouvidos pelo jornal cr?em que o aumento do PIB passe de 5,4% este ano para 3,5% no ano que vem bem melhor que o 1% estimado para o resto do mundo, mas capaz de trazer a infla??o, que j? superou os 6% ao ano, para o centro da meta de 4,5%.
Com isso, o Banco Central tamb?m poderia rever a quantidade de vezes em que deve aplicar um aumento de juros, diz o jornal.
Mas o "FT" tamb?m faz um alerta para o futuro, afirmando que "preocupa?es antigas permanecem e podem interferir no [curso da economia do] Brasil". A principal delas ? o gasto do governo, capaz de gerar demanda e assim criar novas press?es inflacion?rias.
Com o governo usando os gastos como motor do crescimento, "o papel da pol?tica fiscal, que continua sendo altamente expansionista, tem sido ignorado", diz o di?rio brit?nico, na reportagem "Confian?a do Brasil acumula problemas para o futuro", publicada em sua vers?o online.
Um economista citado na mat?ria afirma que, mesmo com o BC aplicando arrochos monet?rios para frear o aumento dos pre?os, "no final, as expectativas de infla??o a longo prazo s?o determinadas pela pol?tica fiscal, n?o pela pol?tica monet?ria".