Coaf identifica R$ 100 milhões suspeitos e cita empresário piauiense Fernandin OIG

Em comunicado, a OIG negou as acusações e afirmou que as suspeitas envolvendo o Jogo do Tigrinho são “fake news”.

Fernandin OIG foi chamado para depor sobre o jogo do tigrinho. Sua empresa nega qualquer ligação. | Reprodução
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Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) encaminhados à Polícia Civil de São Paulo detalham movimentações financeiras irregulares que ultrapassam R$ 100 milhões, envolvendo empresas relacionadas a plataformas de apostas on-line. Entre as citadas está a One Internet Group (OIG), apontada como representante do Fortune Tiger, jogo conhecido no Brasil como Jogo do Tigrinho. As informações foram divulgadas pelo site Metrópoles. 

O proprietário da OIG, Fernando Oliveira Lima, conhecido como Fernandin OIG, foi convocado para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, no Senado Federal, mas já recorreu ao Supremo Tribunal Federal. A relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), justificou a convocação afirmando que a empresa é “suspeita de facilitar operações de apostas on-line, o que levanta preocupações sobre possíveis práticas ilícitas e lavagem de dinheiro”. O empresário nega as acusações.

Além da OIG, Fernando é proprietário da OIG Gaming Brazil Ltda., autorizada pelo Ministério da Fazenda a operar três sites de apostas. Sua defesa protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) um habeas corpus para garantir o direito de não comparecer à CPI ou, caso participe, permanecer em silêncio e não ser obrigado a dizer a verdade.

Conexões com o Corinthians e suspeita de lavagem de dinheiro

A OIG foi mencionada em um relatório do Coaf relacionado a uma investigação sobre lavagem de dinheiro e desvios em um contrato de patrocínio entre a empresa Vai de Bet e o Corinthians. A apuração, conduzida pela Delegacia de Investigações sobre Lavagem de Dinheiro, liderada pelo delegado Tiago Fernando Correia, apontou transações suspeitas realizadas pela Neoway, outra empresa envolvida no caso.

A Neoway, registrada no nome de uma moradora da periferia de Peruíbe (SP), teria recebido R$ 1 milhão da Rede Social Media e Design, intermediária do contrato com o Corinthians. Essa parceria foi encerrada após as suspeitas virem à tona.

Outro ponto em investigação é a ACJ Plataform Comércio e Serviços, que recebeu R$ 1,7 milhão da OIG e movimentou R$ 10,7 milhões em poucos meses. A empresa está registrada no nome de uma faxineira, o que levanta suspeitas de que seja uma companhia de fachada. 

“Ela faz uns bicos, gosta de fazer faxina. Essa história está muito mal contada. Alguém está usando o documento dela, não é possível”, disse Katia Jacinta de Oliveira, mãe da titular da empresa.

Milhões em transações irregulares

Empresas como a Carvalho Distribuidora e a F&D Company Serviços de Marketing Digital também estão na mira da investigação. A Carvalho movimentou R$ 85,1 milhões entre setembro de 2023 e fevereiro de 2024, apesar de ter um capital social de apenas R$ 100 mil. Já a F&D movimentou R$ 5,9 milhões no mesmo período, embora tivesse um faturamento presumido de R$ 90 mil.

O volume elevado de depósitos em espécie chamou atenção dos investigadores, totalizando R$ 3,4 milhões em 754 transações, realizadas em diferentes estados.

Defesa do empresário

Em comunicado, a OIG negou as acusações e afirmou que as suspeitas envolvendo o Jogo do Tigrinho são “fake news”. Segundo a nota, a empresa busca adotar boas práticas e respeitar os jogadores, reforçando que a representação do jogo mencionado seria de outra companhia.

Enquanto a CPI das Bets e as investigações policiais avançam, o caso revela as complexas relações entre o mercado de apostas e possíveis esquemas de lavagem de dinheiro no Brasil.

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