O governo chinês declarou, nesta segunda-feira, que o Google violou uma promessa escrita que havia feito ao país ao anunciar a suspensão da censura na versão chinesa do site.
O Google afirmou que os usuários do site google.cn estão sendo redirecionados ao site da empresa em Hong Kong, que oferece buscas em chinês simplificado.
" O Google violou a promessa escrita feita quando a empresa entrou no mercado chinês ao parar de filtrar seu mecanismo de busca e culpar a China em insinuação por supostos ataques de hackers", disse o official responsável pelo Escritório de Informação do governo chinês à agência Xinhua.
"Isso está totalmente errado. Nós somos completamente opostos à politicização de assuntos comerciais e expressamos nosso descontentamento e indignação ao Google por suas acusações e ações sem razão", afirmou a autoridade.
O oficial não afirmou, no entanto, se o governo chinês tomará alguma medida de retaliação ao anúncio feito pelo Google.
Censura
O advogado do Google, David Drummond, afirmou, em um post publicado no blog oficial da empresa, que a decisão foi tomada depois de discussões com o governo chinês, que teria insistido que "a autocensura era um requerimento legal não negociável".
Em janeiro, a empresa havia anunciado que iria rever suas operações na China após alegar que o Google, ao lado de outras 20 empresas americanas, sofreu um ataque de hackers proveniente da China.
Os hackers teriam tentado inclusive entrar em contas de e-mails de ativistas de direitos humanos críticos do governo chinês, segundo a empresa.
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O site classificou o ataque à privacidade dos seus clientes de "sofisticado e direcionado", mas não chegou a acusar o governo de ser responsável pela ação.
Desde então, havia uma expectativa de que o Google anunciaria o fim de suas operações na China. A decisão desta segunda-feira, portanto, significa que a empresa decidiu manter os serviços ao mercado chinês, mas sem censura.
Drummond afirma que "descobrir como manter nossa promessa de parar a censura a buscas no google.cn foi difícil".
Segundo ele, oferecer o serviço de buscas sem censura prévia foi "uma solução sensível" para os desafios enfrentados pela empresa no país. O advogado sustenta ainda que a medida "é legal e aumentará o acesso à informação para o povo da China".
"Esperamos que o governo chinês respeite nossa decisão, apesar de estarmos cientes de que eles poderão, a qualquer momento, bloquear nossos serviços", afirmou o Drummond.
Censura
Apesar de ser o mecanismo de buscas mais popular do mundo, o Google é apenas o segundo mais acessado da China, bem distante da preferência pelo site chinês baidu.com.
Mas, por conta do tamanho e da taxa de crescimento do grupo dos internautas no país, qualquer perda de atividade na China poderia ameaçar as perspectivas de crescimento do Google.
O governo comunista da China exige que assuntos delicados como democracia e direitos humanos sejam censurados pelas ferramentas de busca e controla fortemente a rede de informação no país.
O Google vinha se submetendo a essas restrições desde que começou a operar na China, há quatro anos, apesar de ter sofrido duras críticas no Ocidente por ceder ao controle do Partido Comunista.
Na China, o conteúdo disponível em sites de busca da internet passa obrigatoriamente pela aprovação do Departamento de Informação e Propaganda.