Dois dias depois do terremoto que matou mais de mil pessoas no noroeste da China, a ajuda de emergência começou a chegar nesta sexta-feira à região devastada, que recebeu a visita do primeiro-ministro Wen Jiabao, ao mesmo tempo que prossegue a busca por sobreviventes. O balanço na província de Qinghai subiu para 1.144, segundo a imprensa oficial.
O tremor também deixou cerca de cem mortos na província vizinha de Sichuan, que foi devastada em 2008 por um forte terremoto.
Os veículos com ajuda começaram a chegar à destruída cidade de Jiegu, perto do epicentro do terremoto que na quarta-feira assolou uma área de difícil acesso da província de Qinghai, no planalto tibetano.
Milhares de sobreviventes passaram a segunda noite ao relento, com temperaturas que chegam a cinco graus negativos, com fome e o odor dos corpos em decomposição.
O primeiro-ministro Wen Jiabao chegou na noite de quinta-feira a Jiegu, onde 85% dos edifícios desabaram, e deu prosseguimento à visita da área nesta sexta-feira.
O canal de televisão CCTV transmitiu imagens de Wen escalando com dificuldade e com a ajuda de alpinistas as montanhas de escombros, ou de joelho, tentando consolar uma mulher e seu filho de etnia tibetana.
"A prioridade é salvar as pessoas. Não vamos desistir enquanto houver um resquício de esperança", afirmou o chefe de governo no quartel-general de ajuda em Yushu.
As equipes de socorro, que nos dias anteriores buscavam por sobreviventes com as mãos, nesta sexta-feira utilizavam equipamentos pesados, que, no entanto, parecem insuficiente diante da magnitude da tragédia.
Os milhares de socorristas que chegaram à zona enfrentam o oxigênio rarefeito desta região de altitude, onde a temperatura é glacial.
Monges budistas tibetanos se uniram às equipes de buscas.
Para a maioria dos flagelados, a situação é desesperadora. "Perdi tudo que tinha", declarou uma mulher de 52 anos, que perdeu dez membros de sua família e perambula entre as ruínas abraçada a um sobrinho de quatro anos.
Teme-se que o número de mortos aumente nas próximas horas, já que, apenas em Jiegu deve haver umas 200 pessoas ainda soterradas.
O terremoto, que alcançou uma magnitude de 7,1 na escala Richter, segundo as autoridades chinesas, foi de uma intensidade similar a que devastou o Haiti em 12 de fevereiro.
O tremor atingiu uma área rural de extrema pobreza, povoada em 90% pela etnia tibetana, e destruiu moradias de barro e prédios de madeira, e também edifícios de concreto, como as escolas.
Milhares de usuários de Internet na China demonstraram solidariedade às vítimas do terremoto postando flores virtuais e realizando doações on-line, segundo a agência Xinhua.
O site chinês Tianya lançou uma campanha de doação nacional logo após o terremoto, que registrou 6,9 graus e deixou ao menos 760 mortos e 100 mil desabrigados na província de Quinghai na última quarta-feira.
O Tianya Love Express apelou para doações de garrafas de água, tendas, roupas e alimentos, e recebeu mais de 600 respostas em um dia, segundo a agência oficial de notícias.