O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB) é interrogado nesta sexta-feira (8) em processo que apura ocultação e lavagem de dinheiro na Lava Jato. O interrogatório é conduzido pelo juiz Marcelo Bretas. Na audiência, Cabral admitiu ter movimentado R$ 500 milhões em doações eleitorais, sendo R$ 20 milhões do total para uso pessoal.
No depoimento, Cabral disse que "se perdeu" na promiscuidade de doações. "A promiscuidade (de doações) foi muito grande e foi nessa promiscuidade que me perdi. Usei dinheiro de campanha para fins pessoais. Eu nunca pedi a um empresário que incluisse um percentual qualquer em nenhuma obra ou serviço do meu governo. Garanto isso ao senhor, falo em nome dos meus filhos e do neto que conheci essa semana", afirmou.
Movimentação de meio bilhão de reais
No processo, ele é acusado junto aos doleiros Renato e Marcelo Chebar, além de seu ex-secretário Wilson Carlos e de seus assessores Carlos Miranda e Sérgio de Castro Oliveira, o Serjão.
Somente nesta denúncia, o grupo é acusado de ocultar e lavar cerca de R$ 40 milhões, guardados no Brasil; US$ 100 milhões depositados no exterior; e mais quase R$ 10 milhões ocultados em joias, segundo o MPF.
O depoimento deveria ter ocorrido em fevereiro, quando Cabral estava preso em Curitiba. A defesa, no entanto, alegou cerceamento por conta da distância e ele ficou em silêncio.
O ex-governador foi transferido de volta para o Rio após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), assinada por Gilmar Mendes.
Um dia antes da audiência, na quinta, Cabral foi denunciado em outro processo da Lava Jato - a Operação Câmbio Desligo. Ele já é réu em mais de 20 processos e foi condenado em cinco, totalizando mais de 100 anos de prisão.