O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) anunciou a seleção de 12 projetos prioritários para a criação de unidades de conservação federais no bioma Caatinga, a serem implementadas até 2026. Essas iniciativas resultarão na ampliação de mais de um milhão de hectares de áreas protegidas, incluindo a expansão do Parque Nacional da Serra das Confusões (Piauí), da Floresta Nacional de Açu (Rio Grande do Norte) e do Refúgio da Vida Silvestre do Soldadinho-do-Arararipe (Ceará).
O que aconteceu?
Marina Silva, ministra do MMA, destacou que as mudanças climáticas estão ampliando áreas semiáridas, tornando-as áridas. Durante o lançamento da campanha "Terra, Floresta, Água – Movimento Nacional de Enfrentamento à Desertificação e à Seca", em Petrolina, Pernambuco, ela alertou que a degradação da Caatinga agrava esses problemas. A campanha faz parte da Missão Climática pela Caatinga, reunindo governos federal e locais e o secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação, Ibrahim Thiaw.
Biodiversidade
A desertificação afeta 13% do semiárido brasileiro, onde a atividade humana e variações climáticas levaram à perda de biodiversidade, serviços ecossistêmicos e produtividade do solo. A Caatinga, única no Brasil e com alta biodiversidade endêmica, é extremamente vulnerável às mudanças climáticas, conforme o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima da ONU.
Política
Embora o Brasil tenha uma Política Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca desde 2015, o desmatamento da Caatinga avançou. Em 2023, mais de um quinto dos alertas de desmatamento no Brasil ocorreram na Caatinga, com um aumento de 43,3% em relação a 2022. Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte lideraram o crescimento dos alertas, afetando 87% dos municípios do bioma.
Cisternas
O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome retomou o Programa Cisternas, firmando um pacto com estados do Nordeste para ampliar o acesso à água para consumo e produção de alimentos. A secretária de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Lilian Rahal, afirmou que o programa visa não só a segurança hídrica e alimentar, mas também a resiliência e adaptação às mudanças climáticas.
Projeto Conect Caatinga
Durante a Missão Caatinga, foram lançados o Projeto Conecta Caatinga e o Projeto Arca. O primeiro visa a gestão integrada da paisagem, recuperação da vegetação e corpos hídricos, com investimento de R$ 30,2 milhões do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF). O segundo, focado na proteção do bioma por meio da expansão do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, envolverá comunidades locais e contará com R$ 50 milhões do Fundo do Marco Global pela Biodiversidade. Além disso, foi criada a Rede de Pesquisadores sobre Desertificação e Seca para apoiar a implementação de políticas públicas baseadas em evidências científicas. (Com informações da Agência Brasil)