De acordo com um estudo realizado pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), publicado na última quinta-feira (13), o Brasil atingiu uma das 3 metas globais que foram propostas pela organização para que o vírus da aids deixe de ser uma ameaça à saúde pública até o ano de 2030.
De acordo com a pesquisa feita pelo Unaids, atualmente, cerca de 91% dos 990 mil brasileiros que possuem HIV no país, conhecem o seu diagnóstico. Desse total, 81% já estão em processo de tratamento do vírus e, entre eles, 95% possuem a carga viral suprimida, ou seja, o risco de transmissão é quase nulo. A meta principal do programa é atingir esses 95% em cada uma das situações.
Em relação ao Brasil, o estudo aponta que o país ainda enfrenta alguns obstáculos em relação ao tratamento da doença, principalmente por ser algo atrelado às desigualdades sociais, econômicas e raciais que ainda são muito presentes. Obstáculos esses, que acabam impedindo que pessoas em situação de vulnerabilidade tenham o livre acesso aos recursos de prevenção e tratamento do HIV, que podem salvar vidas.
De acordo com Ariadne Ribeiro Ferreira, oficial de Igualdades e Direitos do Unaids Brasil, o movimento levado em sedes legislativas municipais, estaduais e no Congresso Nacional, com a intenção de apresentar legislações criminalizadoras e punitivas que afetam diretamente a comunidade LGBTQIAPN+, especialmente pessoas da comunidade trans, podem sim aumentar a ideia.
“Este movimento soma-se às desigualdades, aumentando o estigma e discriminação de determinadas populações e pode contribuir para impedir o Brasil de alcançar as metas de acabar com a aids até 2030”, explica Ferreira.
Ainda de acordo com dados do estudo, países como Botsuana, Essuatíni, Ruanda, República Unida da Tanzânia e Zimbábue já conseguiram concluir todas as 3 metas. Isso significa que nesses países, 95% das pessoas que contraíram o vírus, possuem conhecimento de seu diagnostico; 95% das pessoas que sabem que estão com o HIV, já estão realizando o processo antirretroviral que pode salvar suas vidas; e 95% dessas pessoas que já estão em tratamento, possuem a carga viral suprimida.
“Essas lideranças podem ser lembradas pelas gerações futuras como aquelas que puseram fim à pandemia mais mortal do mundo. Podem salvar milhões de vidas e proteger a saúde de todas as pessoas”, relata Winnie Byanyima, diretora-executiva do Unaids.