Em ?pocas de turbul?ncia mundial, h? quem lembre de um velho lugar-comum: o de que um resfriado nos pa?ses desenvolvidos acarreta uma pneumonia na economia brasileira. O que se v? nos ?ltimos 12 meses, por?m, ? que a Bolsa de Valores de S?o Paulo (Bovespa) est? cada vez mais resistente a essas contamina?es.
Em maio de 2006, quando o Federal Reserve ? o banco central americano ? elevou a taxa b?sica de juros do pa?s para 5%, temendo press?es inflacion?rias, o mercado brasileiro sofreu uma avalanche. Enquanto o ?ndice NYS Composites, da Bolsa de Nova York, perdeu 10,72% em pouco mais de um m?s, a Bovespa recuou 21,32% - o dobro. Nos ?ltimos 30 dias, quando surgiram d?vidas sobre o mercado de cr?dito imobili?rio dos Estados Unidos, as perdas do preg?o paulista ficaram bem mais pr?ximas das de Nova York .
Cada vez mais atraente aos olhos dos investidores estrangeiros, e participando de uma economia globalizada, ? imposs?vel que a Bovespa n?o sinta os sobressaltos dos demais mercados. Mas os n?meros mostram uma evolu??o nas tr?s ?ltimas crises. Entre maio e junho do ano passado, o preg?o paulista acumulou o dobro de perdas da bolsa de Nova York.
No in?cio deste ano, quando a queda das bolsas chinesas sacudiram os mercados, o Ibovespa recuou 1,74 vezes mais que o NYS Composites ? ?ndice da Bolsa de Nova York composto pelas a?es ordin?rias e ADRs de 2.000 empresas americanas e estrangeiras. J? entre julho e o in?cio de agosto, sob press?o da crise imobili?ria americana, a perda acumulada pela bolsa brasileira foi 1,20 vezes maior.
"A Bovespa ainda tem uma volatilidade desproporcional, mas est? cada vez mais alinhada com os mercados americanos", afirma Daniel Gorayeb, analista de investimentos da corretora Spinelli. "A resili?ncia [propriedade dos materiais de voltarem ? forma original, depois de deformados] da bolsa est? maior", concorda Ricardo Torres, professor de Finan?as Internacionais da Brazilian Business School (BBS).