Anvisa aprova novidade terapêutica para leucemia

Os dois tipos mais prevalentes de leucemias em adultos são a Leucemia Linfoide Crônica (LLC), com uma média de 5 casos para cada 100 mil habitantes e Leucemia Mieloide Aguda (LMA), com 1,1 casos para cada 100 mil habitantes.

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Waldelúcio Barbosa

Enviado a São Paulo

Desde o início do ano, a Anvisa aprovou no Brasil o uso de um novo medicamento para o tratamento de câncer sanguíneo. A AbbVie, companhia biofarmacêutica global baseada em pesquisa e desenvolvimento, anunciou a aprovação de Venetoclax em combinação com Rituximabe, para o tratamento de pacientes com leucemia linfocítica crônica resistente/reincidente (LLC R/R), que tenham recebido pelo menos um tratamento anterior. Esta aprovação permite que mais pacientes recebam o medicamento como segundo tratamento, proporcionando aos médicos a possibilidade de prescrever este medicamento para uma população mais ampla de pacientes com LLC.

De acordo com o professor adjunto de Hematologia e Hemoterapia e chefe do Departamento de Oncologia Clínica da Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP, Dr. Otavio Baiocchi, o LLC é um tipo de leucemia de progressão lenta, na qual, os linfócitos maduros (um tipo de células brancas no sangue) se acumulam no sangue e na medula óssea. LLC é responsável por aproximadamente um terço dos novos diagnósticos de leucemia e geralmente afeta pessoas mais velhas - a idade média, ao diagnóstico, é 71 anos. A vantagem principal destas células está no envelhecimento celular (apoptose).

“A leucemia acomete qualquer faixa etária – é o câncer mais comum na infância. As leucemias podem ser agudas ou crônicas. A mais comum é a leucemia linfoide crônica e a leucemia linfoide aguda. As leucemias se originam a partir de alterações de linfócitos (leucemias linfoides) ou mieloide (leucemias mieloides). A rapidez da progressão do câncer (aguda, de mais rápido crescimento, ou crônica, de crescimento mais lento)”, destacou.

Ainda segundo o especialista, os dois tipos mais prevalentes de leucemias em adultos são a Leucemia Linfoide Crônica (LLC), com uma média de 5 casos para cada 100 mil habitantes e Leucemia Mieloide Aguda (LMA), com 1,1 casos para cada 100 mil habitantes. Os sintomas surgem da perda da função das células sanguíneas normais, ou do crescimento de células anormais. Os sintomas comuns incluem: febre, suor noturno, nódulos linfáticos inchados (pescoço, virilha, axilas), infecções frequentes, coceira ou pele seca, dor óssea ou articulações, cansaço persistente e perda de peso.

Vale destacar que a LLC é geralmente assintomática ao diagnóstico. De 40 a 60% dos pacientes não apresentam sintomas e são diagnosticados em exames de sangue de rotina. “É preciso ficar alerta e observar os valores dos linfócitos, que quando estão dentro da normalidade devem apresentar até quatro mil. Em valores maiores do que esse, devemos ficar atentos e procurar um hematologista. Pacientes com leucemia costumam apresentar de 30 até 100 mil linfócitos”, orientou.

Atualmente, os tratamentos mais comuns para LLC são: Observação, Atenta, Quimioterapia, Imunoterapia, Terapia Alvo e Transplante de Medula Óssea. A meta para o tratamento da doença deve ser minimizar os sintomas e produzir remissão por longo prazo, dessa forma, desde março de 2019, a Anvisa aprovou a primeira terapia para LLC sem quimioterapia e com duração fixa de tratamento (24 meses).

“Esta aprovação oferece uma nova opção de combinação terapêutica sem quimioterapia e assinala a crescente utilização de venetoclax para o tratamento de LLC. Todo medicamento apresenta efeitos adversos como diarreia, fadiga, mas o venetoclax tem apresentado boas respostas com menos infecções, não causa a queda de cabelos e nem feridas na boca”, destacou o médico.

Venetoclax é o primeiro de uma nova classe de medicamentos que seletivamente inibe a proteína BCL-2. Em alguns tipos de câncer no sangue e outros tumores, a BCL-2 impede o processo natural de morte das células do câncer, ou processo de autodestruição, chamado de apoptose. Venetoclax tem como alvo a proteína BCL-2 e age para restaurar o processo de apoptose1 e está sendo avaliado também para o tratamento de pacientes com vários outros tipos de câncer.

O medicamento é desenvolvido pela AbbVie e Roche. Juntas, as companhias têm o compromisso de pesquisar BCL-2 e avaliar venetoclax em estudos clínicos para vários tipos de câncer no sangue e outros tumores. O Venetoclax está aprovado em mais de 50 países, incluindo Estados Unidos e Brasil. AbbVie trabalha atualmente com agências regulatórias ao redor do mundo para tornar este medicamento disponível para outros pacientes.

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