Uma festa que culmina em um suicídio, e que ainda assim se dá como uma belíssima e comovente cerimônia. Foi o que fez a americana Betsy Davis, portadora de esclerose lateral amiotrófica, também conhecida como a doença de Lou Gehrig.
Ela convidou seus amigos mais amados para uma festa de dois dias de duração e, ao fim, tomou um coquetel de remédios e se tornou uma das primeiras pacientes a tomarem uma dose letal assistida pelo Estado, através da nova lei do suicídio assistido por médicos, na Califórnia (EUA). A única regra da festa: não podia chorar.
Mais de 30 pessoas compareceram à festa, ocorrida nas montanhas do sul da Califórnia, que foi devidamente planejada e compartilhada por Betsy – até mesmo a hora em que iria embora. Betsy era uma pintora e performer, e já não conseguia mais cumprir tarefas básicas como ficar de pé, escovar os dentes ou mesmo mover seus membros devidamente. Ela então preferiu transformar sua morte em uma performance.
A festa, que aconteceu nos dias 23 e 24 de julho, teve música, suas comidas e filmes preferidos, Betsy distribuiu suas roupas e outros souvenirs para os amigos, até que às 18h45 ela viu seu último pôr do sol, recolheu-se ao seu quarto e tomou seu coquetel, ao lado dos médicos, de sua massagista e sua irmã. Quatro horas depois ela morreu.
No convite ela disse: “vocês são todos muito corajosos por me enviarem em minha jornada. Não há regras para a festa. Vistam o que quiserem, falem o que quiserem, dancem, cantem, rezem – só não chorem na minha frente. Ok, há uma regra”.
Depois da festa, um dos amigos resumiu o evento – e ofereceu um bonito sentido à nova lei californiana do suicídio assistido: “O que Betsy fez lhe permitiu ter a morte mais bonita que alguém pode desejar. Ao tomar o controle, ela transformou sua partida em uma obra de arte”.