O roteiro da vida de Arnulfo Castorena teve começo trágico e caminhava para um fim nada feliz. Perdeu a mãe tão logo nasceu, por complicações no parto. Sem um braço e com malformação nas duas pernas, acabou rejeitado pelo pai. A avó que o acolheu, também morreu quando ainda era criança. Na adolescência, encarou a violência doméstica na casa de parentes, rotina de pedinte nas ruas de Guadalajara e a tentação das drogas. Mas o cenário que apontava para um futuro incerto foi reconstruído com a ajuda do esporte. Por meio da natação, o mexicano começou a mudar sua história e hoje, aos 38 anos, relata orgulhoso os bonitos capítulos de suas cinco Paralimpíadas.
- A natação me salvou. Se não fosse o esporte, talvez eu estivesse nas drogas, não estaria aqui para minha quinta Paralimpíada. Tenho cinco medalhas, tenho ouro prata e bronze, além de alguns recordes. Tenho minha esposa, meus filhos, que são o meu motor. Graças a deus, consegui tudo isso e pude seguir adiante na vida - afirmou Arnulfo, com sorriso no rosto.
Órfão de mãe e abandonado pelo pai, o mexicano conheceu a natação pouco depois dos seis anos de idade, quando deixou a casa da avó, em Guadalajara, para morar em um internato para crianças com deficiência, na Cidade do México. Foi lá que teve os primeiros contatos com a piscina. No entanto, aos 12, acabou mandado de volta para sua terra natal. Com a avó já falecida, passou a viver em casas de parentes, onde não encontrava nenhum tipo de suporte. Pelo contrário. Chegou a precisar pedir dinheiro nas ruas.
- A verdade é que minha vida foi muito difícil. Não tive apoio da minha família. Praticamente me criei nas ruas. Fui morar com uma tia, mas a partir dos 14, 15 anos, tive que aprender a seguir sozinho. Tinha que pedir dinheiro nas ruas para seguir adiante.