O que faz um analista de desempenho individual e por que ele é tão valorizado?

Profissionais auxiliam atletas com vídeos, relatórios e reuniões personalizadas. O serviço que se tornou rotina até para nomes da Seleção Brasileira

A importância do analista de desempenho individual para jogadores de elite | Reprodução/Internet A importância do analista de desempenho individual para jogadores de elite | Foto: Reprodução/Internet
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Nos bastidores do futebol brasileiro e internacional, uma função até pouco tempo desconhecida vem se tornando essencial para jogadores de alto rendimento: o analista de desempenho individual. Seja por meio de empresas especializadas ou atendimentos independentes, esses profissionais oferecem um trabalho minucioso de observação, diagnóstico e orientação personalizada, que tem ajudado atletas a evoluírem taticamente e mentalmente.

A nova febre começou a ganhar força nos últimos anos, e hoje já faz parte da rotina de craques da Seleção Brasileira, como Endrick, Joelinton, Wesley, Andreas Pereira e Luiz Henrique, além de nomes importantes da Série A e da Premier League.

Wesley na sua estreia pela Seleção, contra a Colômbia, em março — Foto: Mateus Bonomi/AGIF 
Wesley na sua estreia pela Seleção, contra a Colômbia, em março — Foto: Mateus Bonomi/AGIF 

O lateral-direito Wesley, do Flamengo, revelou em entrevista recente como o trabalho tem sido um divisor de águas em sua carreira. Após cada partida, ele recebe vídeos com todos os seus lances, faz uma autoavaliação e, depois, participa de uma reunião com analistas e empresários.

“Comecei a ver que foi dando certo. Essa foi uma das coisas que me ajudaram bastante”, afirmou o jogador.

Como funciona o serviço?

A rotina do analista é ajustada ao calendário dos atletas. Durante a semana, o profissional prepara relatórios com base em jogos anteriores, corta vídeos, estuda o modelo de jogo do treinador do clube e identifica oportunidades de evolução. O contato com o jogador é feito principalmente no pós-jogo e nos dias que antecedem a próxima partida.

O serviço inclui análises ofensivas e defensivas, mapeamento dos adversários, instruções táticas e observações personalizadas. Algumas sessões duram em média 30 minutos, e os materiais são entregues via plataformas digitais e reuniões em vídeo. O objetivo é simples: potencializar o desempenho do atleta dentro da estrutura tática de seu clube.

Os valores variam de R$ 300 a R$ 3.500, dependendo do pacote e da experiência do analista. Há planos mensais, semestrais e anuais. Para alguns jogadores, esse investimento se tornou tão necessário quanto um bom preparador físico.

Quem são os analistas por trás dessa revolução silenciosa

Diego Vieira, fundador da Outlier, foi um dos pioneiros. Com 85 clientes e uma equipe de 16 profissionais, sua empresa atende desde jovens promessas até convocados da Seleção.

Segundo ele, “a ideia é alinhar o modelo do jogador ao do treinador para desenvolver individualmente, mas sem tirar o atleta do contexto tático do clube.”

Ícaro Caldas, ex-analista do Brasiliense, trabalha de forma personalizada com nomes como Wagner Leonardo e o goleiro John. Seu método inclui relatórios táticos, mapas de calor e vídeos congelados com sugestões para o atleta refletir:

“Eles sabem o que precisam melhorar, mas às vezes falta o material certo”, explica.

Outro destaque do setor é Abner Tobias, da The Net Scouting, responsável por atender nomes como Hugo Souza, Lázaro, Vitão e Luiz Henrique, este último, agora no Zenit, é um dos entusiastas da prática.

“Me ajuda muito a entender os pontos fracos dos adversários e como posso aproveitar os espaços”, contou o atacante.

Em parceria com os clubes, nunca contra

Apesar de atuarem diretamente com os jogadores, os analistas garantem que o serviço é feito em harmonia com os clubes. Em algumas situações, as comissões técnicas compartilham briefings e informações para que tudo esteja alinhado. A função, que já foi vista com desconfiança, agora é valorizada até por dirigentes e treinadores.

“Tem que haver responsabilidade. A hierarquia do clube é prioridade. Mas quando todos falam a mesma língua, o ganho é enorme”, disse Diego Vieira.

Mesmo com alguns casos de desistência por falta de tempo, engajamento ou orçamento, o serviço de análise individual veio para ficar. Entre os convocados da última Seleção, ao menos 12 jogadores utilizam esse tipo de suporte técnico fora dos centros de treinamento.

Num futebol cada vez mais competitivo e estudado, entender o jogo é parte do jogo. E agora, mais do que nunca, quem quer se destacar não depende apenas do talento com a bola — mas também de uma boa análise por trás das câmeras.

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