Joseph Schooling, o jovem de 21 anos que bateu Michael Phelps nos 100 m borboleta e deu à Cingapura sua primeira medalha de ouro na história das Olimpíadas, sempre se espelhou no homem que ele deixou para trás no Rio de Janeiro, chocando o mundo ao quebrar também o recorde olímpico com a marca de 50s39.
Quando Phelps ganhou oito ouros na Olimpíada de Pequim-2008, Schooling nem pensava em ser nadador profissional. Era um estudante em seu país natal. Mas já nesta época o caminho de ambos se cruzou, ainda que de maneira inusitada.
Antes dos Jogos, Phelps e o time americano fizeram aclimatação em Cingapura em um clube local. E lá Schooling teve a chance de encontrar o seu ídolo e tirar uma foto que veio a público na noite de sexta-feira durante transmissão da rede americana NBC.
"Lembro que foi em um camp dele em Cingapura antes de ir para Pequim. Eu treinava neste clube, eu lembro que estava estudando na época. Quando ele (Phelps) chegou, todo mundo lá saiu correndo. Foi de manhã, isso eu me lembro bem. Quando eu o vi fiquei chocado, eu não pude sorrir, só abri minha boca. Foi muito louco o que aconteceu", disse Schooling sentado ao lado de Phelps na entrevista coletiva de imprensa, minutos após ganhar o ouro.
"Eu cresci idolatrando Michael, ele é o cara perfeito que você quer ser. Ter uma medalha de ouro é incrível, imagina então ter 22 ou 23", disse Schooling, que no ano passado já havia ficado com a medalha de ouro no Mundial em Kazan, em prova que não teve a presença de Phelps.
O cingapuriano vive nos Estados Unidos desde 2009 por decisão própria, para poder treinar em paz e sair dos holofotes da mídia que já começava a perceber seu talento. O trabalho inicial foi tão bem feito que dois anos depois, ele já conquistou duas medalhas de ouro nos Jogos do Sudeste Asiático. Seriam as primeiras de muitas que viriam ainda em 2013 e 2015.
A moral que Schooling adquiriu em Cingapura com suas conquistas iniciais até o livraram do serviço militar, obrigatório no país. Em um acordo feito em 2013, recebeu permissão para servir ao Exército apenas depois de agosto deste ano. Decisão que mostrou-se 100% certa na noite de sexta.
"Quero abrir as portas para novos atletas, mostrar que mesmo em um país tão pequeno como Cingapura é possível haver pessoas capazes de fazerem coisas incríveis", disse Schooling.
Na sua primeira entrevista após o ouro, Schooling ainda parecia perplexo com o que havia feito e não conseguiu encontrar palavras para descrever o momento.
"Ainda preciso de alguns dias para realmente assimilar o que aconteceu. Foi uma honra ter nadado ao lado de Michael de caras como Chad (Le Clos) e de Laszlo (Cseh). Para ser sincero não consigo nem descrever o que se passou na minha cabeça durante a prova", afirmou.