Artilheiro do último Campeonato Camaronês e uma das grandes promessas da seleção africana, o atacante Samuel Nlend, 21, viu a maior oportunidade de sua carreira profissional durar quatro dias. Foi esse o período em que o jogador passou no Al-Ittihad, do Egito, um dos mais importantes mercados do futebol africano.
O motivo de o contrato válido por três anos ter sido rompido apenas quatro dias depois de assinado foi o resultado dos exames médicos feitos pelo atacante.
Nlend é portador do HIV, o vírus causador da Aids, ainda que não apresente no momento os sintomas da doença.
A decisão do Al-Ittihad provocou polêmica porque outros atletas infectados pelo mesmo vírus continuaram exercendo suas atividades profissionais normalmente depois da descoberta.
Outros casos
O astro do basquete Magic Johnson chegou a disputar os Jogos Olímpicos de Barcelona-1992 e uma temporada da NBA depois de tornar pública sua condição de soropositivo.
Já o norte-americano Greg Louganis, dono de quatro ouros olímpicos no saltos ornamentais, competiu nos Jogos de Seul-1988 apenas seis meses depois de descobrir que era portador do HIV –só tornou pública sua condição anos mais tarde.
Processo
O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Camarões já se pronunciou sobre o caso e prometeu processar o Al-Ittihad.
Apesar de demitido pelo clube egípcio, Nlend não deve encerrar sua carreira prematuramente. De acordo com o site “Cameroon Concord”, a tendência é que ele volte ao Union Douala, clube onde atuava antes da transferência.
“Estamos contentes por ver nosso colega em grande forma porque ele é importante para nossa equipe. Vamos nos juntas e trabalhar para fazermos uma grande temporada”, disse David Eto’o, que era companheiro de time do atacante.
Nlend tem seis jogos pela seleção adulta e vestiu a camisa de Camarões no Campeonato Africano de Nações, um torneio exclusivo para jogadores que atuam no país que defendem, em janeiro.