Cinco das sete árbitras FIFA do Brasil seguem fora da Série A do Brasileirão

Mesmo com credencial internacional, maioria das mulheres do quadro de elite da arbitragem nunca apitou jogo como central na principal competição masculina do país

Edina Alves em jogo do Campeonato Brasileiro | Foto: Thiago Gadelha / SVM
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O Brasil tem atualmente 17 árbitros com o escudo da FIFA, uma certificação que autoriza esses profissionais a atuarem em competições internacionais, como a Copa do Mundo. Desses, sete são mulheres. No entanto, seis delas jamais foram árbitras centrais em partidas da Série A do Campeonato Brasileiro masculino.

A única exceção é Edina Alves Batista, que estreou como central na elite nacional em 2019, ano em que também representou o Brasil na Copa do Mundo Feminina, na França. Desde então, nenhuma outra mulher teve a oportunidade de comandar um jogo como protagonista na primeira divisão do futebol masculino.

VAR, quarta árbitra e invisibilidade

Enquanto Edina teve espaço, outras árbitras com o mesmo escudo FIFA seguem longe do protagonismo. Daiane Muniz, por exemplo, que integra o quadro internacional desde 2018, nunca foi central na Série A. Sua carreira recente tem sido dedicada à atuação como árbitra de vídeo (VAR), função em que se destacou nacionalmente e também em jogos da Conmebol. Só em 2024, Daiane atuou em 27 partidas como VAR, incluindo o polêmico jogo entre Internacional e Cruzeiro.

Outras árbitras, como Deborah Cecília (PE) e Rejane Caetano (RJ), possuem o escudo FIFA desde 2017, mas também não atuaram como centrais na Série A. Em 2023, Deborah foi quarta árbitra em sete jogos e Rejane em três e em 2024, ainda não apareceram nas escalas das principais divisões.

A mais nova entre as FIFA é Andreza Helena Siqueira, de Minas Gerais, que recebeu o escudo em 2022. Ela fez sua estreia na Série A no ano passado, mas também apenas como quarta árbitra. Até agora, não comandou partidas nem na Primeira nem na Segunda Divisão como central.

Charly Wendy Straub Deretti, de Santa Catarina, e Thayslane de Melo Costa, de Sergipe, também seguem sem oportunidades como centrais. Charly atuou como VAR em sete rodadas da Série A este ano, enquanto Thayslane foi escalada quatro vezes como quarta árbitra.

Desempenho geral dos árbitros FIFA

Levantamento do ge mostra que, na atual temporada, os árbitros com escudo FIFA foram responsáveis por 47,7% das partidas da Série A, ou seja, 179 dos 380 jogos da competição. Entre os mais acionados, destacam-se Ramon Abatti Abel (SC) e Rafael Rodrigo Klein (RS), cada um com 21 partidas comandadas em 2024.

Um caso simbólico é o de Matheus Candançan, de São Paulo. Mesmo sem o escudo FIFA no início da temporada, ele atuou como árbitro central em 19 jogos da Série A, mais do que todas as mulheres FIFA juntas no ano anterior.

Subutilização sem explicações

A falta de oportunidades para árbitras mulheres na elite do futebol masculino levanta questionamentos sobre os critérios de escalação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que ainda não se pronunciou oficialmente sobre o motivo da baixa participação feminina, mesmo entre profissionais reconhecidas internacionalmente.

A realidade mostra que, embora o escudo da FIFA represente prestígio e competência técnica, o acesso das mulheres à Série A como árbitras centrais ainda é um desafio longe de ser superado.

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