A corredora Krystsina Tsimanouskaya, da Belarus, está em segurança no Japão, informou o Comitê Olímpico Internacional (COI) nesta segunda-feira (2), um dia após ela denunciar que foi forçada a abandonar os Jogos Olímpicos e retornar ao seu país por ter feito críticas aos seus técnicos e dirigentes.
O diretor de Comunicações do COI, Mark Adams, afirmou que Tsimanouskaya passou a noite em um hotel no aeroporto de Tóquio. O comitê olímpico planeja se encontrar com ela nesta segunda para descobrir quais são suas intenções, disse ele.
O dirigente, no entanto, não confirmou as especulações sobre a possibilidade da atleta ter pedido asilo político na União Europeia. Funcionários do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) estão trabalhando no caso, segundo Adams.
Asilo na Polônia
A Fundação Bielorrussa de Solidariedade Esportiva, uma entidade que apoia atletas que fazem oposição ao governo do país, disse que Tsimanouskaya tem planos para pedir asilo na Alemanha ou na Áustria.
No entanto, uma reportagem da Sky News afirmou que ela foi à embaixada da Polônia em Tóquio, e que tanto os poloneses como os tchecos ofereceram asilo.
A Polônia confirmou que concedeu um visto humanitário para a atleta, anunciou o vice-ministro polonês dos Assuntos Exteriores, Marcin Przydacz.
Tsimanuskaya "já está em contato direto com diplomatas poloneses em Tóquio. Recebeu um visto humanitário. A Polônia fará o que for necessário para ajudá-la a continuar sua carreira esportiva", escreveu Przydacz em uma rede social.
Mais cedo, o marido da atleta, Arseny Zdanevich, havia dito que Tsimanuskaya "provavelmente" viajará para a Polônia.
Governo do Japão
O governo japonês afirmou que "continuará a cooperar estreitamente com as organizações envolvidas e tomará as medidas cabíveis" e que vai tratar o caso "de acordo com a lei", disse o porta-voz do governo japonês, Katsunobu Kato, nesta segunda-feira.
Os ministros das Relações Exteriores e da Justiça do Japão, bem como a polícia local, não quiseram comentar, nem o ACNUR.
Entenda o caso
No domingo, Tsimanouskaya denunciou que foi forçada a deixar os Jogos Olímpicos por seu técnico, Yuri Moiseyevitch, e que, mais tarde, funcionários do Comitê Olímpico de Belarus a acompanharam ao aeroporto para que ela voltasse ao seu país. Poucos dias antes, a atleta havia criticado a Federação de Atletismo de seu país por obrigá-la a participar do revezamento 4x400 metros, quando inicialmente tinha que correr as provas de 100 e 200 metros. Segundo Tsimanouskaya, duas corredoras bielorrussos não passaram pelos testes antidoping e não puderam competir. Tsimanouskaya disse que estava com medo de ser presa se voltasse para a Belarus e pediu a intervenção do COI.
Situação política na Belarus
O incidente ocorre em um momento em que o regime do líder de Belarus, Alexander Lukashenko, reprime opositores, jornalistas e militantes para tentar impedir protestos de rua.
Lukashenko está no poder desde 1994 e é considerado por grande parte dos países europeus um ditador. Em 2020, houve eleições muito questionadas, e ele foi reeleito para um quinto mandato. Após a divulgação dos resultados, houve grandes protestos na Belarus.
O Comitê Olímpico Bielorrusso é dirigido por Viktor Lukashenko, filho do presidente. Viktor afirmou em nota que a atleta teve que suspender sua participação nos Jogos "por decisão dos médicos, devido ao seu estado emocional e psicológico". Uma declaração classificada como "mentira" pela atleta no aeroporto da capital japonesa, informa a agência de notícias AFP.