Vídeo mostra 'prisão de baleias' com mais de 100 em baía russa

90 belugas e 11 orcas seriam vendidas para aquários na China

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Ainda em novembro do ano passado, uma filmagem revelou para o mundo a existência de 90 belugas e 11 orcas mantidas em cativeiro na Baía de Srednyaya, no leste da Rússia. Apesar de se tratarem de cetáceos com dentes, os nomes populares das espécies, baleia branca e baleia assassína respectivamente, fez o local ser conhecido como a "prisão das baleias".

A legislação russa até permite a captura desses mamíferos marinhos, mas somente para comunidades tradicionais no extremo norte do país, que as utilizam para alimentação. Só tem um detalhe: eles não comem belugas, tampouco podem vender os animais.

Uma situação bem diferente das quatro empresas responsáveis pelos cetáceos aprisionadas, que, além de não ter qualquer relação com as comunidades tradicionais, pretendiam vender os animais para aquários na Rússia e na China.

Naquele mês, as autoridades regionais abriram uma investigação sobre a suposta captura ilegal de mamíferos marinhos, com o Procurador Geral da Rússia garantindo que vendê-las para aquários de outros países, como a China, seria ilegal.

O tempo passou, o caso foi sendo empurrado de agência para agência do governo russo e, ainda hoje, as baleias seguem presas. Com a chegada do inverno, tudo ficou ainda pior para os mamíferos.

A convite das autoridades russos, veterinários ligados a organizações não-governamentais revelaram que os funcionários locais precisam ficar constantemente quebrando o gelo que se forma por sobre o mar, caso contrário os animais não poderiam acessar a superfície para respirar.

As belugas estão "acostumadas a viver no gelo", diz à National Geographic Dmitry Lisitsyn, chefe da Sakhalin Environment Watch. "Mas eles não estão acostumados a ficar em um espaço de 12 por 10 metros com homens munidos de pás sobre suas cabeças." 15 das belugas são filhotes.

É ainda pior para as orcas, diz Lisitsyn. Embora elas estejam condicionadas a viver em água fria, normalmente migram para o sul durante o inverno. Várias orcas apresentam lesões de pele e em torno de suas barbatanas dorsais. Elas podem ter sido causadas pelo congelamento devido à exposição ao frio prolongado, uma infecção bacteriana ou fúngica decorrente da água estagnada, ou tudo junto.

Em 1º de fevereiro, três ONGs, incluindo a Sakhalin Watch, entraram com uma ação contra três agências do governo russo, alegando que, sob a lei russa, elas são obrigadas a confiscar animais silvestres de origem ilegal e devolvê-los ao seu habitat natural. "O estado é o dono legítimo dos animais e deve apreender esses animais e deixá-los de volta à natureza", diz Lisitsyn.

De acordo com uma reportagem da National Geographic, uma das quatro empresas que reivindica a propriedade dos animais, Bely Kit, diz que pegou as orcas e as belugas legalmente. Anton Pekarsky, advogado da empresa, confirmou os planos da Bely Kit de "entregar os animais a aquários na Rússia e no exterior" este ano. Ele não os libertaria na natureza a menos que fosse ordenado por um tribunal, escreveu em email.

Duas das outras empresas, a Afalina e a Oceanarium DV, disseram à imprensa local que também cumpriram a lei. A quarta empresa, Sochi Dolphinarium, não respondeu a um pedido de comentário.

Reprodução/ Youtube

Somente nesta quinta-feira, 7 de fevereiro, a repercussão do caso na mídia internacional fez com que as autoridades russas tomassem medidas que visem por fim ao sofrimento das baleias. “Os investigadores tomarão prontamente medidas abrangentes para devolver todos os mamíferos marinhos ao seu habitat natural”, anunciaram em comunicado, garantindo que as empresas responderão por crime de maus tratos de animais.

De acordo com John Ford, professor de zoologia e especialista em orca da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, ainda há a esperança de um final feliz para os animais.

À National Geographic disse que, com uma triagem médica adequada e tratamento cuidadoso para restaurar a saúde das orcas, elas poderiam ser devolvidos à natureza.

Se libertadas juntos perto de Srednyaya Bay, “eles provavelmente formariam seu próprio grupo social, pelo menos a curto prazo, e os animais mais jovens poderiam se beneficiar das habilidades de caça dos indivíduos mais velhos”. O mesmo aconteceria com as belugas.

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