A epidemia de Peste Negra foi um dos momentos mais problemáticos da humanidade e da história mundial. Também chamada de Peste Bubônica, a enfermidade matou cerca de 25 milhões de pessoas por toda a Europa em seu famoso surto.
No meio dessa situação, eram necessárias medidas que diminuíssem as perdas. Por isso, muitos médicos foram chamados ao trabalho. A maioria deles era de segunda linha, ou seja, tinham pouca ou nenhuma experiência e muito menos alguma comprovante da formação médica que os constituía habilitados para tal função.
Médicos na Peste Negra
Inicialmente, os médicos precisavam andar entre os atingidos pela Peste Negra e fazer a contagem do número de mortos. Foram 250 anos enfrentado a peste dessa forma, porém, sem muita eficácia. Até que no século XVIII, inventaram um traje de proteção para os médicos, pois a maioria deles acabava contraindo a doença.
Se você acha que esses médicos tinham apenas a missão de curar ou tratar desses pacientes, pode estar bastante errado. O trabalho era muito mais burocrático, na verdade. Isso porque eles, na maioria dos casos, eles só faziam as autópsias nos corpos e realizavam os últimos desejos dos mortos. Na prática, ninguém sabia muito bem como lidar com a doença.
Esses médicos andavam pelas ruas e cuidavam de todo mundo, independente da classe econômica. Naquela época, eles não sabiam ainda como a doença se espalhava, porém, eram adeptos da teoria do miasma. Essa teoria queria dizer que a doença se espalhava pelo cheiro fétido.
O uniforme
Charles de l'Orme, o médico-chefe de Luís VIII, inventou o icônico uniforme dos médicos, como o conhecemos, em 1619. "O nariz tem meio metro de comprimento, formato de bico, cheio de perfume. Sob o casaco, usamos botas feitas de couro marroquino (couro de cabra) e uma blusa de mangas curtas na pele lisa. O chapéu e as luvas também são feitos da mesma pele, com óculos sobre os olhos ", escreveu o próprio criador da roupa.
O objetivo final desse traje era não deixar o cheiro entrar de forma alguma, pois, acreditavam que essa era a forma de disseminação. O médico também usava um longo bastão, para se comunicar com os seus pacientes. Era uma forma de examiná-los mantendo uma distância que acreditavam ser "segura", além de afastar os mais agressivos.
Muita gente naquela época, achava que a Peste Negra era um castigo de Deus sobre os homens, por isso a agressividade quando os médicos, muitas vezes vistos como enviados do Senhor, chegavam.
Tratamentos duvidosos
Muitas vezes, os médicos da Peste Negra se meteram em tentativas de curas nada ortodoxas. Com a menor capacidade científica, eles cometiam atos realmente repugnantes. Como por exemplo, cobrir os bubões - caroços cheios de pus do tamanho de um óvulo encontrados no pescoço, nas axilas e na virilha - com excrementos humanos que provavelmente espalharam mais infecções. Eles também faziam sangrias para tentar retirar o pus dos ferimentos.
Acontece que essas e outras práticas, na maioria das vezes, só pioravam a situação e matavam os pacientes mais rápido. Hoje sabemos que a peste bubônica foi causada pela bactéria Yersinia pestis, que era transportada por ratos e que era muito comum em ambientes urbanos. Apesar disso, após a Peste Negra, houve mais um surto na década de 1920, nos EUA, porém neste, encontrou-se um tratamento simples por antibiótico.