Fotos de casamento costumam ser alegres e transbordar a felicidade dos noivos em começar uma vida nova juntos. Não é o caso das imagens que retratam o casamento da tajique Marjona Hudoidova, 22 anos. Ela não troca olhares com o noivo e não fica de frente para o professor Saidsho Asrorov, 23 anos. Ele, em contrapartida, mostra-se feliz da vida e está com um sorriso nos lábios em todas as fotos.
A questão é que o casamento de Marjona e Saidsho foi arranjado pelo presidente do país, o ditador Emomali Rahmon. No dia 16 de agosto, o governante esteve na cidade de Khatlon e se impressionou com o discurso proferido por Saidsho, que se posicionava a favor da ditadura.
Emocionado, Rahmon descobriu o estado civil do moço: ele era solteiro — no Tajiquistão, é costume que os homens paguem uma espécie de “dote” para a família da noiva. Como Saidsho não tinha dinheiro, o presidente resolveu então que o governo organizaria o casamento do professor com qualquer mulher que ele escolhesse.
Saidsho escolheu Marjona, que é filha de um professor de educação física. Ele diz que se sentia atraído pela enfermeira há algum tempo, apesar de nunca a ter conhecido. O professor foi à casa dos futuros sogros, ofereceu dinheiro e explicou que o presidente estava organizando a festa. Os dois concordaram na hora. Marjona aceitou o casamento e fez apenas um pedido ao noivo: queria continuar trabalhando.
Tudo aconteceu muito rápido e, em dez dias, os dois subiram ao altar. Por ter sido organizada pelo governo, a cerimônia foi celebrada com uma grande festa para a cidade inteira. Além de não conhecer o noivo e se declarar ansiosa com o futuro, a tradição impede que Marjona sorria no próprio casamento. Os tajiques acreditam que o sorriso significa que a noiva estaria contente em deixar a própria família. Mesmo assim, é comum que as mulheres sorriam timidamente durante a festa. Marjona estava abatida e triste. “Não sei como será daqui pra frente, já que nem conheço meu marido direito”, disse à imprensa local.