Mutação genética pode estar deixando a população mais noturna

Hábitos notívagos têm ganhado força no mundo

A equipe fez seu estudo com 36 famílias turcas | Divulgação
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Existem pessoas que acordam de manhã com bom humor e vontade de fazer com que o dia seja produtivo. E aquelas que não se encaixam nesse perfil são taxadas de preguiçosas ou sem objetivos para se alcançar. Afinal aprendemos desde cedo que "Deus ajuda quem cedo madruga".

É certo que o mundo, basicamente, funciona durante o dia. É nesse período de tempo que a maioria das empresas, escolas e faculdades funcionam. Embora a vida diurna seja o padrão a ser seguido existem as pessoas que tem dificuldade em segui-lo.

Conhecidos como notívagos, essas pessoas são um grupo que se sente mais ativo durante à noite. E preferem dormir durante o dia. As dificuldades que um notívago enfrenta para se encaixar nos horários comerciais são muitas. Mas pesquisadores podem finalmente terem achado a causa para algumas pessoas serem assim.

Em 2017, um estudo mostrou que as pessoas que ficam acordadas até tarde e tem dificuldades para acordar cedo na verdade não são preguiçosas. O que acontece é que o relógio interno dela é geneticamente programado para funcionar entre duas e duas horas e meia mais lento que o resto das pessoas. Isso por causa de uma mutação em um gene do relógio biológico chamado CRY1.

"Os portadores da mutação têm dias mais longos do que o planeta lhes dá, então eles estão essencialmente tentando alcançar toda a sua vida", disse a pesquisadora Alina Patke, da Universidade Rockefeller, em Nova York.

Mutação

Essas pessoas não são aquelas que se forçam a dormir mais tarde vendo um filme ou mexendo no celular. Os verdadeiros notívagos são pessoas que mesmo sem nenhum artifício dormirão mais tarde e acordarão tarde.

Essas pessoas, geralmente, são diagnosticadas em clínicas do sono como tendo atraso na fase do sono (DSPD). E segundo o que os pesquisadores estimam, cerca de 10% da população mundial é afetada por essa condição.

Além do cansaço, pesquisas com DSPD tem vários problemas de saúde porque o corpo está tentando alcançar o cronograma que a sociedade estabelece. Essa condição, normalmente, é associada com ansiedade, depressão, doença cardiovascular e diabetes. E a frustração de ter que levantar de manhã quando o despertador toca.

"É como se essas pessoas tivessem um jet lag perpétuo, indo para o leste todos os dias. De manhã, eles não estão prontos para o dia seguinte chegar", disse um dos pesquisadores, Michael Young.

No estudo, a equipe mostrou que não é apenas questão do relógio biológico. Eles, na verdade, correm em média duas horas e meia mais lentamente do que o resto da população. O relógio do corpo humano tem cerca de 24 horas. Esse tempo possibilita ao corpo fazer coisas como digestão, sono e reparo celular.

Mas a mutação no gene CRY1, segundo o estudo, faz com que as pessoas que a têm precisem de mais tempo. Patke e sua equipe viram essa mutação há quase uma década, quando uma mulher de 46 anos entrou na clínica de sono depois de se debater com seu ciclo de sono tardio.

E mesmo sendo colocada em um apartamento sem janelas, tv ou internet, a mulher ainda tinha um ritmo circadiano longo de 25 horas e seu sono era fragmentado. E quando a equipe foi estudar seus genes que eles viram que ela tinha uma mutação genética.

A equipe fez seu estudo com 36 famílias turcas. Dos participantes 39 tinham DSPD e tinham a mutação e 31 não. Os portadores tiveram atrasos no início do sono e alguns tinham padrões de sono irregulares.

Para os que não tinham a mutação, o ponto médio do sono foi às quatro da manhã. Para os com o gene foi entre seis e oito da manhã. Isso sugere que o relógio biológico foi empurrado pelo menos duas horas.

Os pesquisadores também deixaram claro que nem todas as pessoas que têm DSPD, têm a mutação genética. Às vezes podem ter outros fatores envolvidos.

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