Steve Rothstein, um banqueiro de investimentos estadunidense, em outubro de 1987, comprou um bilhete aéreo vitalício de primeira classe da American Airlines. O bilhete que lhe concedia viagens áreas pelo mundo inteiro para o resto da vida lhe custou cerca de US$ 233.509,93. Aproximadamente, R$ 2 milhões em conversão direta.
Para que ele pudesse sempre viajar acompanhado, quando assim o desejasse, o banqueiro ainda pagou um valor adicional por um bilhete de acompanhante. O que lhe custou US$ 150.000. Em síntese, o que em conversão direta, seria algo em torno de 1,3 milhão de reais.
Passageiro especial
De acordo com um dos representantes da companhia de aviação, o programa, chamado AAirpass, foi lançado em 1981, como uma forma de "injeção de dinheiro muito necessária". Isso, depois que a Lei de Desregulamentação de Companhias Aéreas entrou em vigor em 1978. O que causou uma crise na empresa, forçando-a a encontrar novas formas de gerar receita.
Por muitos anos, Rothstein viajou para diversos lugares ao redor do globo. Para termos uma noção, só a Inglaterra foi visitada por ele ao menos 500 vezes. Ele viajou para o Japão por 120 vezes e teria ido para Austrália um total de 70 vezes. A filha do banqueiro frequentava um colégio interno na Suíça, o que provavelmente o motivava a fazer algumas visitas a ela. Além do mais, seu filho teria viajado para diversos lugares dos Estados Unidos para assistir jogos de beisebol.
"Eu me tornei um herói na companhia aérea. Eu poderia simplesmente aparecer e me sentar", disse Rothstein em entrevista ao New York Post. Como passageiro especial da American Airlines, o banqueiro teria realizado 10 mil voos. Com todas essas viagens, ele conseguiu acumular 40 milhões de milhas.
Depois de tanto viajar, Rothstein percebeu que poderia ajudar outras pessoas com seu bilhete especial. Ao saber que alguém estava precisando de uma passagem no aeroporto, ele costumava oferecer seu bilhete de acompanhante. "Eu senti que esses atos aleatórios de gentileza eram exatamente o tipo de coisa que devemos fazer como pessoas", disse ele sobre tais atitudes.
Para sua surpresa, em 13 de dezembro de 2008, enquanto o banqueiro aguardava para embarcar no Aeroporto Internacional Chicago O'hare, acompanhado de um policial, o qual ele havia cedido seu bilhete de acompanhante, Rothstein foi abordado por membros da companhia aérea. Os funcionários da American Airlines lhe informaram que seu bilhete estava cancelado.
Bilhete dourado
Uma carta foi entregue ao banqueiro. Esta o informava que seu bilhete especial havia sido cancelado devido a algumas evidências que indicavam atividade fraudulenta. Depois de 21 anos voando tranquilamente para todos os lugares que desejava, Rothstein se viu impedido de fazer o que mais gostava. Assim, ele voltou para sua casa, onde ficou acamado por vários dias.
Rothstein tentou reverter a situação ao entrar com um apelo judicial. No entanto, um juiz federal no estado de Illinois decidiu contra o banqueiro e o acusou de fazer reservas sob nomes falsos. A American Airlines conseguiu provas de que ele havia registrado seu nome como Bag Rothstein (Bolsa Rothstein) e usou isso no processo para cancelar o bilhete do banqueiro. A razão pela qual ele utilizou esse estranho nome é desconhecida.
Rothstein ainda segue apelando na justiça para tentar reaver seu bilhete especial. "Eu me sinto traído. Eles tiraram meu hobby e minha vida. Eles essencialmente destruíram minha personalidade", disse ele. Além do mais, ele teria dito que ajudou a empresa a alavancar a compra de passes ilimitados quando dava palestras nas empresas que visitou.
Em 2004, a American Airlines cancelou o programa devido aos imensos prejuízos que o mesmo ocasionou. Steve Rothstein sozinho custou US$ 21 milhões a empresa. Algo em torno de 82 milhões de reais, em conversão direta. No entanto, eles ainda possuem entre seus clientes 66 pessoas que ainda têm o bilhete especial.
Porém, a empresa aérea esta em busca de medidas legais para o cancelamento dos mesmos. O que, para Rothstein, é algo absurdo. "Eles assinaram um contrato, e um contrato é um contrato", disse ele.