Após passar anos separada de um macho, uma fêmea de tubarão desenvolveu a habilidade de se reproduzir sozinha. Leonie é uma fêmea da espécie tubarão-zebra e estava há 13 anos no mesmo tanque que seu parceiro em um aquário em Townsville, na Austrália, quando os dois foram separados e colocados em espaços diferentes.
Desde então, ela não teve contato com nenhum outro macho e ainda assim, teve três filhotes no ano passado.
O caso intrigou a cientista Christine Dudgeon, da Universidade de Queensland, na Austrália. Em estudo publicado no periódico Scientific Reports, ela e seus colegas explicam que utillizaram um processo chamado genotipagem, que identifica algumas regiões do DNA, para entender como Leonie passou a se reproduzir sozinha.
Em um primeiro momento, os cientistas consideraram a possibilidade de a fêmea ter armazenado espermas de seu parceiro e tê-los usado para fertilizar seus óvulos. No entanto, os testes mostraram que os filhotes tinha sido frutos da reprodução assexual, já que só apresentavam o DNA da mãe.
Os pesquisadores então chegaram à conclusão de que a fêmea passou por partenogênese, fenômeno em que os embriões se desenvolvem sem fertilização.
Até então, já se sabia que outros animais, como dragões-de-komodo e abelhas, passam por esse processo, mas a maioria dessas fêmeas nunca teve contato com um macho antes. Há poucos registros de fêmeas que, como Leonie, tinham um histórico sexual que foi alterado.
Segundo a pesquisadora, no caso da fêmea de tubarão-zebra, o óvulo foi fertilizado por uma célula adjacente chamada "corpo contrário", que contém o material genético da mãe. "Não é uma estratégia para sobreviver várias gerações porque o processo reduz a diversidade e as chances de adaptação", explicou Dudgeon em entrevista ao New Scientist. Ainda assim, é uma forma de reprodução quando os machos são poucos ou nenhum.