Ficaríamos mais tranquilos se saíssemos do Facebook? A sociedade se beneficiaria, também?
Uma equipe de economistas liderada por Hunt Allcott, da Universidade de Nova York, fez uma pesquisa abrangente sobre o assunto, e chegou à conclusão de que deixar a rede social (que nesta segunda-feira complea 15 anos de sua fundação) aparentemente aumenta o bem-estar das pessoas, e reduz sobremaneira a polarização política.
Os economistas perguntaram a 2.884 usuários da rede quanto dinheiro aceitaram para desativar seus perfis durante um mês, que terminaria logo após as eleições parlamentares dos EUA, em novembro do ano passado.
Cerca de 60% deles responderam que sairiam de suas contas no Facebook por US$ 102. Esse grupo foi dividido em dois: metade foi paga para desativar seus perfis, metade não.
Ambos os grupos responderam depois a uma série de perguntas sobre como se sentiam na rede e ao sair da rede, e como isso afetava suas vidas.
Mesmo num período tão curto, os que desativaram suas contas pareceram aproveitar muito mais a vida. Mostraram-se menos deprimidios e ansiosos, e mais felizes e satisfeitos com suas vidas.
Mais tempo livre, menos política
Os pesquisadores não elencam um motivo específico para essa melhora no bem-estar, mas apontam que sair do Facebook deu às pessoas uma hora a mais de liberdade por dia, em média. Quem saiu do site passou mais tempo com a família e os amigos, e também viu mais televisão, em vez de ficar mais na internet (ou seja, diferentemente do que se poderia esperar, essas pessoas não trocaram o Facebook por outras redes sociais, como o Instagram).
Sair da rede de Mark Zuckerberg também fez com que as pessoas prestassem menos atenção na política. Os usuários no grupo que foi pago para deletar seus perfis deram menos respostas corretas a perguntas sobre notícias recentes, e tinham menos tendência a dizer que seguiam as novidades sobre política.
A desativação das contas levou a uma redução da polarização política — houve menos discórdia no grupo que deixou o Facebook do que entre aqueles que ficaram. Os pesquisadores especularam que, se por um lado quem está no Facebook se informa sobre política, por outro o conteúdo que essas pessoas veem aparece mais inclinado para o lado que preferem — o que leva uma polarização maior, portanto.
Fora da rede mesmo após teste
O grupo que saiu do Facebook temporariamente concluiu que usaria menos a rede no futuro — e, depois do experimento, fez exatamente isso.
Mas houve outro aspecto no resultado. Como os usuários atribuíram um valor financeiro para desativar seus perfis (a média geral, segundo os economistas, seria de US$ 87), isso significa que a rede social também traria benefícios ao consumidor, de alguma forma. Se aplicada aos 172 milhões de usuários do Facebook nos EUA, a quantia média levaria a um total considerável.
Mas a conclusão mais forte continua sendo a original: o uso voluntário do Facebook (e provavelmente também do Twitter) está deixando muita gente triste e estressada. Para muitos, desativar seus perfis pode ser uma genuína dádiva.