Os especialistas já sabiam que cigarras atingidas pelo fungoMassospora cicadina tem comportamentos peculiares, como participar de "orgias" (mesmo depois de seus genitais gangrenarem e caírem do corpo). Mas um estudo recente revelou quais substâncias são responsáveis pela mudança de atitude do inseto: anfetaminas e alucinógenos — como os encontrados em alguns cogumelos.
De acordo com os pesquisadores, o fungo faz com que as cigarras percam seus membros e o comportamento se instale: os machos tentam acasalar com tudo o que encontram, embora o fungo tenha consumido seus genitais e extremidades. Apesar do estado físico debilitado das cigarras infectadas, elas continuam vagando livremente, contaminando as fêmeas com a doença.
"Elas são apenas zumbis — no sentido de que o fungo está no controle de seus corpos", disse Matt Kasson, um dos autores do estudo, em comunicado. Quando as cigarras voam, liberam um "spray" de partes do corpo em desintegração e os agentes infecciosos se espalham pelo ar, o que também contamina outros animais.
A infecção ocorre no subsolo, onde os insetos passam de 13 a 17 anos antes de emergirem à superfície quando adultos. Então, dentro de sete a dez dias que estão acima do solo, o abdome do animal começa a se desprender, revelando a infecção fúngica na região traseira da cigarra.
Contudo, até agora os cientistas não tinham ideia do motivo pelo qual o fungo estava induzindo essas mudanças em primeiro lugar, já que ninguém havia analisado sua composição química. Kasson e seus colegas foram surpreendidos quando identificaram traços químicos inconfundíveis de dois compostos psicoativos relacionados a efeitos alucinógenos.
A equipe acredita que a descoberta possa aumentar o interesse em fungos e seus processos químicos, que podem servir como fonte de inspiração para a indústria farmacêutica com o desenvolvimento de novos medicamentos.