Dados obtidos pela missão Rosetta da Agência Espacial Europeia (ESA) revelaram que o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko tem sua própria aurora ultravioleta. Em um estudo publicado na segunda-feira (21) na Nature Astronomy, os astrônomos responsáveis pela descoberta contam que essa é a primeira vez que o fenômeno é observado em um objeto celeste que não seja um planeta ou uma lua.
"O brilho em torno do 67P/C-G é único", disse Marina Galand, líder do estudo, em declaração. "Ao pesquisar dados de vários instrumentos da Rosetta e ligá-los, descobrimos que esse brilho é auroral por natureza: é causado por uma mistura de processos, alguns vistos nas luas de Júpiter, em Ganimedes e Europa, e outros na Terra e em Marte."
Elétrons provenientes do Sol interagem com o gás ao redor do cometa, separando a água das outras moléculas. Os átomos resultantes emitem uma luz ultravioleta distinta, que é invisível a olho nu, e tem o comprimento de onda de radiação mais curto do espectro ultravioleta.
"Esses elétrons interagem com as moléculas [ao redor do cometa] para produzir o brilho auroral. O processo pelo qual os elétrons são acelerados é semelhante a alguns dos processos que impulsionam as auroras na Terra e em Marte, apesar de 67P/C-G não ter um campo magnético intrínseco", explicou Galand. "Na verdade, os ambientes magnéticos das luas, planetas e cometas são todos muito diferentes, por isso é emocionante e intrigante vermos auroras em todos eles."
Explorar o fenômeno no cometa permitirá aos cientistas aprender como as partículas do vento solar mudam ao longo do tempo, algo que é crucial para a compreensão do clima espacial em todo o Sistema Solar. Como explicam os cientistas, ao fornecer dados sobre como a radiação do Sol afeta o ambiente espacial pelo qual viajam, essas informações podem ajudar a proteger satélites e espaçonaves, bem como astronautas viajando para a Lua e Marte.
“As auroras são inerentemente emocionantes e essa empolgação é ainda maior quando vemos uma em algum lugar novo ou com novas características", acrescentou Matt Taylor, coautor do artigo. "Essa análise reúne mais peças do quebra-cabeça em nossa compreensão das auroras em todo o Sistema Solar e dos vários fenômenos que vemos em torno dos cometas."