Há uma boa dose de verdade naquela história de que uma mãe sempre faz tudo por seu filho. E, apesar da fama de poucos amigos que fêmeas como a viúva-negra criaram, dá para falar que isso vale também para os aracnídeos.
As aranhas-caranguejo, por exemplo, oferecem pedaços de seus próprios corpos para suas crias quando a falta de comida aperta. Acontece igualzinho com outra espécie, a Stegodyphus lineatus, que pratica um ritual ainda mais elaborado: dissolve seus órgãos internos para dar uma última refeição digna à prole, antes de partir desta para uma melhor.
O que pesquisadores da Universidade de Aahrus, na Dinamarca, descobriram é que esse tipo de comportamento altruísta-destrutivo das aranhas não acontece apenas em relações ‘sanguíneas’. Segundo seu estudo, publicado no jornal Animal Behaviour, fêmeas virgens da espécie Stegodyphus dumicola costumam se preocupar mais com os recém-nascidos de seu grupo do que as próprias mães deles, a ponto de se sacrificarem para servir como refeição dos mais jovens.
“E onde estão as mães dessas crianças?”, você deve estar se perguntando. Não tem nada a ver com omissão da parte delas. A culpa é mesmo daquelas que não têm filhotes, mas morrem de vontade de realizar o sonho de ser mãe a todo custo.
Característica de áreas quentes e secas do sudeste da África, a espécie costuma fazer suas teias no alto de árvores e arbustos, morando sempre em bandos de vários indivíduos. Esse sistema ajuda na hora de arranjar alimento e também permite que os os filhotes sejam criados coletivamente. Como cada aranha vive apenas um ano, elas só têm a chance de se reproduzir uma única vez. Isso explica o fato da maternidade acontecer para apenas 40% das fêmeas do bando, em média.